CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou, em reunião da sua diretoria realizada anteontem, um empréstimo de R$ 494 milhões pedido pela Prefeitura de São Paulo há três meses para a realização de obras de melhoria do sistema de transporte urbano.
Com a liberação da verba, a administração Marta Suplicy (PT) já planeja gastar mais de R$ 1,1 bilhão nessa área até os últimos meses de 2004 -ano de eleições municipais. O financiamento prevê uma contrapartida da prefeitura de R$ 329 milhões em investimentos no setor. O governo aguarda ainda a liberação de R$ 300 milhões do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para obras de transporte e trânsito exclusivamente no centro.
O dinheiro do BNDES será utilizado para a construção de 26 novos terminais, 350 estações de transferência (pontos de parada com cobertura e mais sofisticados), corredores, implantação de bilhetagem eletrônica, monitoramento eletrônico das vias e conclusão e expansão do Paulistão (antigo Fura-Fila, que será levado até São Mateus, na zona leste).
"A idéia é usar essa verba até agosto do ano que vem. Acreditamos que seja a maior quantia já investida em transporte na história da cidade de São Paulo num período tão curto", disse Jilmar Tatto, secretário dos Transportes. O total de R$ 1,1 bilhão, que será usado exclusivamente para investimentos, supera em mais de 50% a verba reservada anualmente para todos os gastos da pasta.
A prefeita Marta Suplicy também ganhará um trunfo eleitoral com a renovação da frota de ônibus. Tatto disse ontem que já houve aprovação de empréstimo do BNDES às viações paulistanas, por meio do programa Finame, suficiente para a compra de 5.057 novos veículos (mais de metade da frota da cidade). O pagamento poderá ser feito em 96 meses.
A quantidade de ônibus que será adquirida e a data em que os empréstimos serão assinados vai depender das empresas. Mas Tatto espera ter mais de 2.000 novos veículos ainda neste mandato.
Os investimentos em transporte complementam a implantação do novo sistema, cujos contratos com as viações devem ser assinados até a semana que vem.
Ele estabelece uma mudança de conceito: de viagem unitária, na qual a maioria dos passageiros faz seu trajeto em uma só condução, para viagem integrada, na qual aumentarão as baldeações. Haverá linhas locais (restritas aos bairros) e estruturais (ligando os bairros ao centro). A idéia é diminuir os custos e a duração das viagens.
O empréstimo do BNDES estava aprovado pelo Ministério da Fazenda desde a gestão Pitta, quando foi renegociada a dívida do município com a União.
O valor total aprovado pela Fazenda havia sido de R$ 740 milhões. Os R$ 245 milhões restantes já haviam sido aprovados pelo BNDES em 2002 para serem usados nas obras do Paulistão.
Com a nova aprovação pela diretoria do banco estatal, só falta a assinatura do contrato para que a verba seja liberada em parcelas.
Marta elogiou ontem a "rapidez" do BNDES -os novos projetos foram apresentados em março deste ano. Ela esperava a liberação entre julho e agosto. "Fico feliz com a agilidade, a presteza e a competência com que o BNDES executou a sua análise", afirmou.


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