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Governo admite falha em ações contra enchentes
Críticas constam de relatório de técnicos do Ministério do Planejamento
Texto aponta falta de articulação das pastas, precariedade de dados e equívoco na forma de atuação da Defesa Civil
ESTELITA HASS CARAZZAI
DE SÃO PAULO
Um relatório do Ministério
do Planejamento aponta que
há "desarticulação" das
ações do próprio governo federal no combate a inundações e alagamentos no Brasil.
O texto cita o fato de obras
antienchente estarem espalhadas por ministérios, a precariedade dos bancos de dados, a atuação da Defesa Civil -mais reativa do que preventiva- e a falta de planos
de segurança de barragens.
O texto estava no site Portal do Planejamento, do governo federal, que saiu do ar
dois dias depois de inaugurado, na semana passada, por
ter criado desconforto com as
críticas a ações de governo.
O relatório é outra constatação negativa em relação à
ação do poder público na
prevenção de catástrofes como a que matou ao menos 51
em Alagoas e Pernambuco.
A Folha revelou que os
dois Estados têm sistemas falhos de prevenção de enchentes, que incluem a falta
de radares meteorológicos
em Pernambuco e de Defesa
Civil em cidades alagoanas.
Além disso, o governo federal, em sete anos e meio,
gastou mais com reconstrução e assistência às vítimas
(R$ 5,8 bilhões) do que com
prevenção (R$ 1,1 bilhão).
DIVISÃO
Segundo o texto, obras de
drenagem urbana estão em
três ministérios (Integração
Nacional, Cidades e Saúde),
o que cria problemas, já que
nem sempre fica claro qual é
o campo de atuação de cada
órgão e quais são os critérios
de seleção dos projetos.
O texto cita a dificuldade
de acesso a dados hidrometeorológicos, o que faz com
que obras antienchentes sejam planejadas com base em
informações defasadas.
Também há críticas às
obras de drenagem, que privilegiam o rápido escoamento das águas da chuva, mas
não levam em conta prejuízos nas cidades próximas,
para onde são direcionadas.
DEBATE
O Ministério do Planejamento afirmou que o relatório foi feito por técnicos ligados à pasta e que não é uma
"posição fechada" do ministério, mas um debate técnico.
A secretária nacional de
Defesa Civil, Ivone Valente,
disse que falta mesmo integração aos programas de governo. "Não tem o que discordar, é uma constatação."
Ela também reconheceu a
falta de dados nacionais e
disse que a pasta vai reunir
informações sobre o tema.
Segundo o Ministério da
Saúde, as obras em áreas endêmicas, rurais e em municípios de até 50 mil habitantes
são atribuições da pasta, enquanto as intervenções em
áreas urbanas cabem ao Ministério das Cidades.
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