ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BARREIROS (PE)

Em uma das áreas mais afetadas da cidade, que fica a 114 km de Recife, o marceneiro Ivanildo José da Silva decidiu socializar ontem a oportunidade de ver o jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo.
Como grande parte dos moradores está em locais improvisados, sem energia elétrica, ele instalou TV e caixa de som na rua para quem quisesse assistir a partida contra Portugal.
Com energia restabelecida ontem, ele conseguiu sintonizar o jogo graças à antena parabólica. "Assim a torcida fica maior", dizia.
Para o jogo, muitos vestiram camisas do Brasil. Foi a hora de esquecer o desastre desta semana. "Se tem Copa a cada quatro anos, temos água a cada dez", diz João Félix da Costa, 88.

SEM ENERGIA
A cena era exceção em Barreiros, onde pouca gente parou para ver a Copa. A cidade é uma das mais atingidas pelas enchentes.
E não só pela falta de energia -muitos moradores preferiram seguir na limpeza de suas casas.
"Não tem mais clima para a Copa", disse Maria Celina Souza, que varria a lama para fora de casa. No local, ainda havia bandeirinhas verdes e amarelas, que a filha, de nove anos, tinha colocado havia duas semanas e que resistiram às águas.
Na serralheria Azevedo, Osvaldo Santos aproveitava para limpar máquinas e lixar tábuas. "Já que não dá para ver o jogo, vou adiantar o serviço", disse.


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