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Golpe utiliza caixa eletrônico velho
Em esquema investigado pela polícia, peças de caixa que vão para o lixo são usadas para roubar dados de cliente
A polícia estima que a fraude seja superior a R$ 1 milhão e lese clientes dos principais bancos do país
AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO
Caixas eletrônicos usados,
que deveriam ser destruídos
tão logo saíssem das agências bancárias ou de lojas de
conveniência, estão sendo
revendidos e transformados
em equipamentos para roubar dados de clientes e, assim, permitir saques.
A polícia paulista investiga esse esquema, que envolve empresas de manutenção
de equipamentos, técnicos e,
possivelmente, funcionários
dos bancos. A estimativa é
que mais de R$ 1 milhão tenham sido desviados das
contas de clientes dos principais bancos do país.
Ao menos três inquéritos
foram abertos em diferentes
delegacias para investigar o
esquema na Grande SP.
No mais recente, policiais
apreenderam em uma empresa de manutenção de caixas eletrônicos 105 HDs-
discos que armazenam dados de computadores.
A Folha apurou que seis
empresas e 35 técnicos são
alvo da investigação sobre
fraudes nos caixas eletrônicos e falsificação de documentos. Entre as empresas
investigadas, estão a Diebold
Procomp e a Revac, que negam as irregularidades.
O esquema funciona assim: o técnico de uma empresa de manutenção é chamado para substituir o caixa eletrônico de uma agência.
Em vez de destruir o HD da
máquina na presença de um
funcionário do banco, como
deveria ser feito para evitar
fraudes, ele leva o terminal
para um galpão. Lá, outros
técnicos retiram o HD e o revendem por até R$ 300.
Com esse equipamento,
além de facilitar o roubo dos
dados, é possível ainda construir máquina de videobingo
ou de caça níqueis.
Os dados são conseguidos
de duas maneiras, de acordo
com a polícia:
1) O técnico cria um caixa
eletrônico falso, o instala em
um estabelecimento comercial com a anuência do dono
do ponto e obtém todos os
dados do correntista -que
faz o saque sem perceber que
os dados foram gravados;
2) Uma pessoa instala durante a noite o HD num caixa
de banco e faz um "chupa cabra", sistema que copia os
dados do correntista.
PREJUÍZO
Em princípio, para os investigadores, os bancos são
vítimas desse golpe. Porém,
a polícia quer saber se funcionários das agências contribuíram com a fraude.
"Se houve a colaboração,
os bancos estariam colocando a raposa para cuidar do
galinheiro", disse o delegado
Zacarias Katzer Tadros.
Um fato que chamou a
atenção da polícia em relação aos 35 técnicos suspeitos
é que alguns deles têm um
patrimônio superior ao que
suas rendas lhe permitem.
Um deles ganha menos de
R$ 2 mil por mês, mas mora
em uma casa de alto padrão
no Morumbi, bairro nobre de
SP. Outro, com mesmo salário, dirige um Hummer, veículo utilitário que custa em
torno de R$ 300 mil.
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