São Paulo, sábado, 26 de junho de 2010

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Golpe utiliza caixa eletrônico velho

Em esquema investigado pela polícia, peças de caixa que vão para o lixo são usadas para roubar dados de cliente

A polícia estima que a fraude seja superior a R$ 1 milhão e lese clientes dos principais bancos do país

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Caixas eletrônicos usados, que deveriam ser destruídos tão logo saíssem das agências bancárias ou de lojas de conveniência, estão sendo revendidos e transformados em equipamentos para roubar dados de clientes e, assim, permitir saques.
A polícia paulista investiga esse esquema, que envolve empresas de manutenção de equipamentos, técnicos e, possivelmente, funcionários dos bancos. A estimativa é que mais de R$ 1 milhão tenham sido desviados das contas de clientes dos principais bancos do país.
Ao menos três inquéritos foram abertos em diferentes delegacias para investigar o esquema na Grande SP.
No mais recente, policiais apreenderam em uma empresa de manutenção de caixas eletrônicos 105 HDs- discos que armazenam dados de computadores.
A Folha apurou que seis empresas e 35 técnicos são alvo da investigação sobre fraudes nos caixas eletrônicos e falsificação de documentos. Entre as empresas investigadas, estão a Diebold Procomp e a Revac, que negam as irregularidades.
O esquema funciona assim: o técnico de uma empresa de manutenção é chamado para substituir o caixa eletrônico de uma agência.
Em vez de destruir o HD da máquina na presença de um funcionário do banco, como deveria ser feito para evitar fraudes, ele leva o terminal para um galpão. Lá, outros técnicos retiram o HD e o revendem por até R$ 300.
Com esse equipamento, além de facilitar o roubo dos dados, é possível ainda construir máquina de videobingo ou de caça níqueis.
Os dados são conseguidos de duas maneiras, de acordo com a polícia:
1) O técnico cria um caixa eletrônico falso, o instala em um estabelecimento comercial com a anuência do dono do ponto e obtém todos os dados do correntista -que faz o saque sem perceber que os dados foram gravados;
2) Uma pessoa instala durante a noite o HD num caixa de banco e faz um "chupa cabra", sistema que copia os dados do correntista.

PREJUÍZO
Em princípio, para os investigadores, os bancos são vítimas desse golpe. Porém, a polícia quer saber se funcionários das agências contribuíram com a fraude.
"Se houve a colaboração, os bancos estariam colocando a raposa para cuidar do galinheiro", disse o delegado Zacarias Katzer Tadros.
Um fato que chamou a atenção da polícia em relação aos 35 técnicos suspeitos é que alguns deles têm um patrimônio superior ao que suas rendas lhe permitem.
Um deles ganha menos de R$ 2 mil por mês, mas mora em uma casa de alto padrão no Morumbi, bairro nobre de SP. Outro, com mesmo salário, dirige um Hummer, veículo utilitário que custa em torno de R$ 300 mil.


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