São Paulo, domingo, 26 de junho de 2011

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JOSÉ AGUIAR DE SOUZA CRUZ (1927-2011)

Um piloto da Varig preso e demitido na ditadura

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Nos anos 60, José Aguiar de Souza Cruz compartilhou com os colegas de profissão o sonho de que o Brasil pudesse ter uma empresa estatal de aviação. Naquela época, o piloto saído de Manaus (AM) era dirigente do Sindicato Nacional dos Aeronautas.
A carreira ele começou nos anos 50, voando no Rio e na Bahia, até entrar para a Real Aerovias, empresa que foi incorporada nos anos 60 pela Viação Aérea Rio-Grandense, a Varig, da qual se tornou funcionário em Curitiba (PR).
Formado em direito pela Universidade Federal do Paraná, advogou um tempo para o sindicato, mas o grosso da carreira foi como piloto.
Em 7 de abril de 1964, poucos dias depois do golpe militar, acabou preso em São Paulo por sua militância sindical. No dia 30 do mesmo mês, foi demitido da Varig.
Ao todo, ficou 30 dias preso e teve de responder a um IPM (Inquérito Policial Militar). Não foi torturado, mas contava ter ouvido muitos gritos dentro da cadeia.
No ano seguinte, entrou para o Banco do Brasil, no Rio, como piloto. Em 1970, mudou-se para Brasília e, 15 anos depois, aposentou-se.
Só a partir de 1988 passou a receber indenização pelo o que lhe acontecera na Varig.
Em 2009, conta o filho José Luiz, advogado, o pai teve de entrar na Justiça contra a Caixa de Assistência (Cassi) e de Previdência (Previ) do Banco do Brasil por conta de um desconto ilegal no que recebia como anistiado. Passou os últimos anos brigando.
Recentemente, descobriu um câncer no cérebro. Morreu no domingo, aos 83. Teve sete filhos de dois casamentos, um deles piloto, e netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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