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Parada Gay "expulsa" moradora da av. Paulista
Mulher dorme na casa da filha durante festa
ELIANE TRINDADE
DE SÃO PAULO
Pela janela do seu apartamento no 18º andar do edifício Baronesa de Araripe, Dirce Ramos do Amaral, 56, é
observadora privilegiada das
manifestações que ocorrem
na avenida Paulista.
"Não aguento mais tanta
marcha", desabafa a funcionária pública aposentada.
Nos últimos meses, teve
que conviver com tráfico interrompido e palavras de ordem em passeatas pela liberação da maconha (21/5) e
pela liberdade de expressão
(28/05 e 18/6), além dos protestos das vadias (4/6), dos
skatistas (19/6) e dos ciclistas
pelados (12/3).
No Réveillon, quando a
Paulista abriga o Show da Virada, e hoje, quando ocorre a
Parada Gay, a moradora dorme na casa da filha.
Os comerciantes se dividem. Dono de uma banca de
jornal ao lado do Masp, ponto de encontro dos protestos,
Edson Domingues, 45, festeja o aumento do fluxo de pessoas e, consequentemente,
das vendas. "Principalmente, de balas e chicletes."
Gerente de uma loja de
roupas masculinas, Antonio
Lemos, 63, contabiliza prejuízo toda vez que uma passeata paralisa a Paulista.
"Ninguém sai para comprar
no meio da bagunça", diz.
Os taxistas do ponto ao lado do Masp são forçados a
procurar clientela em outra
freguesia. "O trânsito já caótico só piora", diz Gilberto
Silva, 53, que ao primeiro sinal de cartazes e faixas de
manifestantes corre para as
imediações da Oscar Freire.
Engraxate na Paulista há
nove anos, Tiago Ribeiro, 25,
reclama do comportamento
dos manifestantes. "Esse povo que vem protestar não respeita ninguém. Eles passam
por cima da gente aqui na
calçada", afirma.
O promotor José Carlos de
Freitas, da Promotoria de Habitação e Urbanismo, ressalta que o direito de manifestação é garantido pela Constituição. Abusos, no entanto,
já foram punidos. A Apeoesp
(Sindicato dos Professores
do Ensino Oficial do Estado
de SP) foi multada em R$ 1,4
milhão por obstrução da via.
PARADA
A 15ª edição da Parada
Gay, que começa ao meio-dia
de hoje, terá uma valsa coletiva a partir das 13h30, em
frente ao Masp. A Paulista será interditada às 10h, para receber um público esperado
de 3 milhões. A parada terminaria às 19h, mas o final foi
antecipado em uma hora por
conta do cancelamento do
show de encerramento, com
a cantora Wanessa.
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