São Paulo, Sábado, 26 de Junho de 1999
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Covas critica disputa pela água na cidade

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

A disputa pela gestão dos serviços de água e esgoto da cidade de São Paulo pode abrir uma crise entre o governo estadual e a Prefeitura de São Paulo.
O governador de São Paulo, Mário Covas, criticou ontem a intenção do prefeito Celso Pitta de retomar a exploração de serviços na cidade, que hoje é feita pela Sabesp.
"Por enquanto, fizeram um anúncio e de uma forma muito ruim. A matéria é controvertida e não sei nem se eles têm o direito de fazer isso. Em segundo lugar, isso prejudica financiamentos e as ações da empresa. O maior mercado da Sabesp é em São Paulo", disse o governador.
"Essa matéria não é pacífica e, dita assim, só traz prejuízo", disse Covas após afirmar que não foi procurado pela prefeitura para conversar sobre o assunto.
Foram as primeiras declarações de Covas sobre o assunto depois que o ex-senador Gilberto Miranda anunciou que a prefeitura estuda a privatização do serviço para usar o dinheiro no pagamento da sua dívida.
Covas também questionou a intenção da prefeitura de propor a retomada do serviço depois que o governo estadual fez investimentos em toda a Grande São Paulo para acabar com o rodízio de água.
"Quem privatizar vai pagar o que a Sabesp gastou? Eu nos últimos quatro anos botei água para 5 milhões de pessoas que tinham rodízio. E quando você começa a ter retorno dos lugares onde foi feito investimento vem se falar em privatização?", questionou o governador.
A Sabesp investiu R$ 700 milhões em obras para acabar com o rodízio na Grande São Paulo.
Questionado sobre a indicação de Miranda para a secretaria municipal, Covas disse que não convidaria o ex-senador para o cargo. Mas foi irônico ao dizer o motivo: "Por que a gente não convida uma pessoa?", perguntou.
O prefeito Celso Pitta afirmou ontem -por meio de sua assessoria de imprensa- que não vai se desentender com o governador por causa do gerenciamento dos serviços de água e esgoto.
Também declarou que vai procurar Covas para conversar sobre o assunto no "momento oportuno".

Batalha Judicial
O secretário estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras, Mendes Thame, disse que a Constituição garante ao Estado o direito de planejar, organizar e executar funções públicas de interesse comum de regiões metropolitanas.
Ele fundamenta sua declaração no artigo 26 da Constituição. "O sistema de abastecimento e de esgoto de São Paulo funciona de forma conjunta com outras cidades da região metropolitana. Não dá para separar. É uma serviço que extrapola o interesse da cidade ", afirmou o secretário.
Thame declarou ainda que o Estado controla o sistema de água e esgoto da cidade desde 1893, diferentemente do que diz a prefeitura.
A prefeitura também informou que tem pareceres jurídicos favoráveis à retomada do serviço e diz que teria 25 anos para pagar os investimentos feitos pelo Estado.


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