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Covas critica disputa pela água na cidade
GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local
A disputa pela gestão dos serviços de água e esgoto da cidade de
São Paulo pode abrir uma crise entre o governo estadual e a Prefeitura de São Paulo.
O governador de São Paulo, Mário Covas, criticou ontem a intenção do prefeito Celso Pitta de retomar a exploração de serviços na cidade, que hoje é feita pela Sabesp.
"Por enquanto, fizeram um
anúncio e de uma forma muito
ruim. A matéria é controvertida e
não sei nem se eles têm o direito de
fazer isso. Em segundo lugar, isso
prejudica financiamentos e as
ações da empresa. O maior mercado da Sabesp é em São Paulo", disse o governador.
"Essa matéria não é pacífica e, dita assim, só traz prejuízo", disse
Covas após afirmar que não foi
procurado pela prefeitura para
conversar sobre o assunto.
Foram as primeiras declarações
de Covas sobre o assunto depois
que o ex-senador Gilberto Miranda anunciou que a prefeitura estuda a privatização do serviço para
usar o dinheiro no pagamento da
sua dívida.
Covas também questionou a intenção da prefeitura de propor a
retomada do serviço depois que o
governo estadual fez investimentos em toda a Grande São Paulo para acabar com o rodízio de água.
"Quem privatizar vai pagar o que
a Sabesp gastou? Eu nos últimos
quatro anos botei água para 5 milhões de pessoas que tinham rodízio. E quando você começa a ter retorno dos lugares onde foi feito investimento vem se falar em privatização?", questionou o governador.
A Sabesp investiu R$ 700 milhões
em obras para acabar com o rodízio na Grande São Paulo.
Questionado sobre a indicação
de Miranda para a secretaria municipal, Covas disse que não convidaria o ex-senador para o cargo.
Mas foi irônico ao dizer o motivo:
"Por que a gente não convida uma
pessoa?", perguntou.
O prefeito Celso Pitta afirmou
ontem -por meio de sua assessoria de imprensa- que não vai se
desentender com o governador
por causa do gerenciamento dos
serviços de água e esgoto.
Também declarou que vai procurar Covas para conversar sobre o
assunto no "momento oportuno".
Batalha Judicial
O secretário estadual de Recursos Hídricos, Saneamento e Obras,
Mendes Thame, disse que a Constituição garante ao Estado o direito
de planejar, organizar e executar
funções públicas de interesse comum de regiões metropolitanas.
Ele fundamenta sua declaração
no artigo 26 da Constituição. "O
sistema de abastecimento e de esgoto de São Paulo funciona de forma conjunta com outras cidades
da região metropolitana. Não dá
para separar. É uma serviço que
extrapola o interesse da cidade ",
afirmou o secretário.
Thame declarou ainda que o Estado controla o sistema de água e
esgoto da cidade desde 1893, diferentemente do que diz a prefeitura.
A prefeitura também informou
que tem pareceres jurídicos favoráveis à retomada do serviço e diz
que teria 25 anos para pagar os investimentos feitos pelo Estado.
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