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Faixa preferencial para moto é ineficaz, dizem especialistas
Técnicos avaliam que medida adotada desde anteontem em vias da capital não diminuirá número de acidentes com motociclistas
Segundo o presidente da CET, solução é a possível; em média, um motoqueiro morre por dia no trânsito das ruas de São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma medida de boa intenção, mas ineficiente. Essa é a
avaliação de especialistas em
trânsito consultados pela Folha sobre a criação da faixa preferencial para motocicletas na
avenida Rebouças e na rua da
Consolação, na região central
de São Paulo.
Desde anteontem, uma das
faixas dessas vias deveriam ser
preferencialmente utilizadas
pelas motos. Mas nem elas são
obrigadas a andar na área determinada nem os carros precisam sair dela. A gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL)
pretende, com a medida, diminuir o número de acidentes.
"A intenção de integrar os
motoboys ao trânsito é excelente. Mas assim não funciona", disse ontem o coordenador da divisão de transportes
metropolitanos do Instituto de
Engenharia, Ivan Whately. "O
motoqueiro não quer disputar
espaço no congestionamento."
No primeiro dia de vigor da
medida, a Folha percorreu o
corredor por uma hora. O carro
da reportagem foi ultrapassado
por 227 motos -nenhuma delas na faixa preferencial.
O engenheiro de trânsito
Horácio Augusto Figueira é
contra a faixa para motociclistas. "Se fosse para privilegiar
alguém, deveria ser o transporte público." "As motos precisam é andar atrás dos carros. O
código não existe para eles."
Já o engenheiro Luís Antônio Seraphim, ex-assessor da
CET, defende a criação da faixa
exclusiva, com uma largura na
qual caiba apenas uma moto.
"Temo que essa idéia seja mal-interpretada devido a uma provável ineficiência da faixa preferencial. As pessoas só respeitariam se fosse exclusiva."
O presidente da CET, Roberto Scaringella, rebateu as críticas, afirmando que a faixa preferencial é a solução possível.
"Não podemos proibir a circulação de motos. Também não
há espaço para criar uma faixa
exclusiva. Se os filósofos de
plantão tiverem alguma sugestão para o problema, a CET
certamente vai analisar."
Segundo Scaringella, o que a
companhia não pode fazer é
"ficar vendo, impassível, a mortandade de motociclistas". Estatísticas da companhia mostram que, em média, um motociclista morre por dia no trânsito da capital.
(FÁBIO TAKAHASHI)
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