São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

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Faixa preferencial para moto é ineficaz, dizem especialistas

Técnicos avaliam que medida adotada desde anteontem em vias da capital não diminuirá número de acidentes com motociclistas

Segundo o presidente da CET, solução é a possível; em média, um motoqueiro morre por dia no trânsito das ruas de São Paulo


DA REPORTAGEM LOCAL

Uma medida de boa intenção, mas ineficiente. Essa é a avaliação de especialistas em trânsito consultados pela Folha sobre a criação da faixa preferencial para motocicletas na avenida Rebouças e na rua da Consolação, na região central de São Paulo.
Desde anteontem, uma das faixas dessas vias deveriam ser preferencialmente utilizadas pelas motos. Mas nem elas são obrigadas a andar na área determinada nem os carros precisam sair dela. A gestão do prefeito Gilberto Kassab (PFL) pretende, com a medida, diminuir o número de acidentes.
"A intenção de integrar os motoboys ao trânsito é excelente. Mas assim não funciona", disse ontem o coordenador da divisão de transportes metropolitanos do Instituto de Engenharia, Ivan Whately. "O motoqueiro não quer disputar espaço no congestionamento."
No primeiro dia de vigor da medida, a Folha percorreu o corredor por uma hora. O carro da reportagem foi ultrapassado por 227 motos -nenhuma delas na faixa preferencial.
O engenheiro de trânsito Horácio Augusto Figueira é contra a faixa para motociclistas. "Se fosse para privilegiar alguém, deveria ser o transporte público." "As motos precisam é andar atrás dos carros. O código não existe para eles."
Já o engenheiro Luís Antônio Seraphim, ex-assessor da CET, defende a criação da faixa exclusiva, com uma largura na qual caiba apenas uma moto. "Temo que essa idéia seja mal-interpretada devido a uma provável ineficiência da faixa preferencial. As pessoas só respeitariam se fosse exclusiva."
O presidente da CET, Roberto Scaringella, rebateu as críticas, afirmando que a faixa preferencial é a solução possível. "Não podemos proibir a circulação de motos. Também não há espaço para criar uma faixa exclusiva. Se os filósofos de plantão tiverem alguma sugestão para o problema, a CET certamente vai analisar."
Segundo Scaringella, o que a companhia não pode fazer é "ficar vendo, impassível, a mortandade de motociclistas". Estatísticas da companhia mostram que, em média, um motociclista morre por dia no trânsito da capital. (FÁBIO TAKAHASHI)


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