São Paulo, sábado, 26 de julho de 2008

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AGUINALDO DE MIRANDA ALBERT (1926-2008)

O tenor que roubou a cena de Pavarotti

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Naquela noite de 1991, Aguinaldo Albert surpreendeu até Luciano Pavarotti. Afinal, quem pensaria que o cantor escalado para se apresentar no intervalo seria ovacionado pelo público, com sua voz de azarão, a ponto de a imprensa lhe atribuir o destaque do show? "Tenor bom é tenor louco", concluiu o batizado "Pavarotti-cover".
Louco não era, mas "gostava de aparecer", diz o filho. Neto de um engenheiro francês que instalou-se em Recife para fazer estradas de ferro, lá nasceu e cresceu, "moço forte e bonito". Já cantava, tanto no coro da escola quanto as meninas da cidade.
Chegou a São Paulo aos 17 e foi trabalhar como redator comercial na rádio Tupi, onde o chefe percebeu a "voz bela e encorpada" e vaticinou: seria um grande tenor. Ele até começou as aulas com maestros, no tempo que sobrava da real profissão, representante comercial de sapatos. Mas cantar era a vida paralela "de um romântico, sem disciplina para estudar".
"Um dia ganhou um concurso de cantores amadores na TV. Ficou conhecido, fez pontas em óperas do Teatro Municipal, foi para a Itália cantar no Teatro Massimo di Palermo, mas acabou deixando a carreira pela metade. A labuta mesmo era com sapatos. E "o hobby era cantar as mulheres", diz o filho.
Dos três casamentos tinha quatro filhos, seis netos e dois bisnetos. Morreu dia 14, aos 82, de insuficiência respiratória. "Foi um Don Juan que viveu gostosamente".

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