São Paulo, domingo, 26 de julho de 2009

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Dois terços das praias do Rio têm areia imprópria

A avaliação mais recente da prefeitura em 35 trechos de 25 praias, indica que 26 deles têm areia não recomendada

No caso de excesso de coliformes fecais na areia, frequentadores de praias deveriam evitar entrar em contato direto com a areia


FÁBIO GRELLET
DA SUCURSAL DO RIO

Espigas de milho, palitos com restos de espetinhos, latas vazias de cerveja, embalagens de biscoito e de sorvete, cigarros, fezes de cães. Quando os banhistas se vão, ao fim da tarde, é esse monte de lixo que compõe o cenário da praia de Ipanema, uma das mais famosas do Rio.
"Aqui só tem gente rica, mas muitos não têm nenhuma educação. Quando vão à praia, largam o lixo de qualquer jeito", diz Maria Aparecida da Silva, 46, que vende cangas em frente à rua Maria Quitéria. Mas a sujeira não é exclusividade dali.
A avaliação completa mais recente da prefeitura, que a cada 15 dias analisa a areia em 35 trechos de 25 praias, indica que 26 deles (74%) têm areia não recomendada. Isso significa que o banhista deveria evitar contato com ela, sob risco de contrair doenças. Os números são de 24 de junho a 8 de julho.
Dados preliminares da avaliação seguinte (de 9 a 23 de julho) indicam que o número de praias não recomendadas caiu para 16 (45%).
A areia é considerada não recomendada quando concentra mais de 400 coliformes fecais em 100 gramas. A avaliação, feita desde o final de 2005, também identifica parasitas, como ascaris e ancylostoma, mas não indica a quantidade deles.
"Esse índice varia muito e depende de fatores como chuva, presença de cães e número de frequentadores", diz Vera Oliveira, gerente de monitoramento ambiental da Secretaria de Meio Ambiente do Rio.
"Essa classificação é um alerta para que os frequentadores evitem o contato direto com a areia quando ela não está adequada. Também não se deve comer um biscoito que tenha caído na areia, por exemplo. Mas não significa que alguém que não tome esse cuidado necessariamente vai contrair uma doença", diz ela.
Segundo médicos, as doenças mais comuns são bicho geográfico, impetigo e ascaridíase, causada pela lombriga.
Para alertar os usuários, a Prefeitura do Rio, em parceria com o governo estadual, diz que vai instalar nesses 35 trechos de praias painéis indicando a qualidade da areia. As placas também indicarão a qualidade da água, medida desde 1995, atualmente só pelo Estado. Mas as placas ainda não estão prontas nem há previsão para que sejam instaladas. "Com certeza será antes do próximo verão", diz Oliveira.
Por enquanto, a maioria de quem vai à praia não se preocupa com a areia. É o caso da ambulante Luísa Souza, 29. Enquanto vende lanches em Copacabana, ela não deixa a filha Bruna, 6, entrar no mar.
"A água é muito suja", justifica. Na areia, porém, nunca tomou precauções. A menina se diverte construindo castelos, cavando poças e se enterrando na areia. "A gente vê que tem lixo na areia, mas nunca me preocupei, não. E, por sorte, nunca tive problema", diz.
As praias mais extensas têm mais de um trecho monitorado. É o caso da Barra da Tijuca, em que a areia é analisada em cinco pontos e os resultados costumam ser bem diferentes. O Quebra-Mar é o 14º mais sujo. Já Alvorada e Reserva, trechos menos frequentados, são os dois mais limpos dentre todos.
As condições da areia em alguns trechos estão constantemente impróprios. Dois deles -Ipanema, na direção da rua Maria Quitéria, e Imbuca, na ilha de Paquetá- têm areia inadequada nas últimas 14 medições (desde 24 de dezembro passado).


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