São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2011

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"Mototrombadinhas" atacam em Pinheiros

Eles chegaram a invadir as calçadas do bairro da zona oeste paulistana para tomar celulares e dinheiro de pedestres

Vítimas relatam crimes em plena luz do dia; conselho de segurança pede patrulhamento especial para a polícia


ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Enquanto caminhava do estacionamento onde deixa seu carro para o trabalho, a redatora Carla*, 34, falava ao celular. De repente, ela sentiu um impacto no rosto. Ainda assustada, viu um motociclista se afastar com seu aparelho de quase R$ 1.500.
O crime, à luz do dia, ocorreu na Artur de Azevedo, uma das ruas do quadrilátero de Pinheiros, zona oeste paulistana, recentemente transformado em alvo dos "mototrombadinhas", ladrões que usam motos para invadir calçadas e roubar transeuntes, principalmente mulheres.
"Foi rápido. Nem vi ele subir com a moto na calçada e me atacar pelas costas. Ainda tentei olhar a placa, mas estava dobrada", diz Carla.
O quadrilátero é formado por vias que ficam entre as ruas Henrique Schaumann, dos Pinheiros, Teodoro Sampaio e Mourato Coelho, segundo moradores e frequentadores da região.
Para evitar identificação, os ladrões normalmente usam capacete e adulteram a placa da moto com fita preta.
O ataque é sempre feito por um só motoqueiro. Isso porque a polícia para mais as motos com dois passageiros.
"Deixei de atender telefone na rua aqui em Pinheiros, onde trabalho, porque não quero ser mais uma vítima", falou o gerente financeiro Yan*, 32. "Há poucos dias, uma cliente teve a bolsa roubada por um ladrão que invadiu a calçada e sumiu no trânsito com a moto", disse.
De janeiro e junho, a delegacia de Pinheiros registrou 930 roubos. Trata-se do 10º distrito, entre os 97 da cidade, que mais registrou o crime no semestre -não há especificação sobre os roubos realizados por motociclistas.
A advogada Mirian Tanaka, presidente do conselho comunitário de segurança do bairro, diz que os crimes dos "mototrombadinhas" serão debatidos em reunião hoje com representantes das polícias Civil e Militar.
"Vamos pedir para que seja feito como no caso dos arrastões [em restaurantes] e tentar colocar mais policiais com motos para patrulhar."
Além de Pinheiros, há casos, mais esparsos, em outros bairros. Ontem, Luíza*, 15, foi atacada quando voltava da escola, na rua Araré, Saúde, zona sul. Teve tocador de música, celular e R$ 10 levados. "Pensei que ele fosse pedir uma informação. Chorei muito quando cheguei em casa", conta Luíza.
A Polícia Civil pede para que as vítimas não deixem de registrar os casos nas delegacias. "É importante o cidadão acreditar que a comunicação do caso será investigada", diz o delegado Dejair Rodrigues, chefe da 3ª Delegacia Seccional, central da polícia para a zona oeste da cidade.
Para o delegado, os roubos registrados neste ano na área de Pinheiros representam um número alto, mas totalmente aceitáveis por conta das características da região.
"Temos uma população flutuante grande, a vida boêmia está praticamente toda na Vila Madalena, área sob nossa responsabilidade."

*A fim de preservar as vítimas, a reportagem utilizou nomes fictícios


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