São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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SÃO VICENTE

Equipamento que sofreu pane carrega 120 pessoas a 180 metros de altura e foi inaugurado este mês no litoral

23 ficam presos por até 7 h em teleférico

Rogéiro Soares/ Agência A Tribuna
Bombeiros trabalham no resgate de pessoas que ficaram penduradas em teleférico de São Vicente


FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO VICENTE

Vinte e três pessoas ficaram penduradas ontem por até sete horas no teleférico turístico de São Vicente (74 km de SP).
O equipamento começou a operar no início do mês, após três anos de obras e um gasto de R$ 2,5 milhões. Ele leva 120 passageiros a 180 metros de altura entre o morro do Voturuá à praia do Itararé, passando sobre a orla.
A pane ocorreu às 9h45, e o resgate acabou às 16h30. Os passageiros -inclusive idosos e crianças- ficaram sob sol (a cidade teve 30 graus ontem), sem água nem comida. Não houve feridos.
O engenheiro Ronaldo Paiva e Silva, responsável pela obra e sócio-proprietário da empresa Itararé, que explora o empreendimento, disse que a pane decorreu do rompimento do eixo motriz -peça que garante o movimento do teleférico. Ele afirmou que a empresa vai apurar a razão pela qual o eixo se partiu, mas disse suspeitar de que "a execução da peça é que não foi correta".
O secretário de Projetos Especiais de São Vicente, Márcio Papa, afirmou, após o acidente, que o teleférico ficará interditado até a empresa apresentar um laudo do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que ateste as condições de segurança. Ele classificou o episódio como "uma fatalidade".
No lançamento do teleférico, os proprietários da empresa destacaram a segurança como o principal diferencial do equipamento. Em 2001, pelo menos 13 pessoas ficaram feridas em quedas de teleféricos em Salvador e no Rio.
O tenente Fábio Betini, dos bombeiros, disse que a demora do trabalho de resgate -com 18 homens- foi decorrência do nervosismo dos passageiros e da necessidade de planejar a operação com segurança máxima. "Foi uma ocorrência inédita", disse.
Os primeiros a serem socorridos foram os passageiros que estavam mais perto do embarque e do desembarque. Depois, com uma escada Magirus, os bombeiros retiraram os que estavam nas proximidades da avenida da orla.
A etapa mais difícil foi a de resgatar os que estavam no trecho intermediário, entre a vegetação da encosta do morro do Voturuá. Nesses casos, os bombeiros usaram técnicas de rapel para chegar às cadeiras e amarrar as pessoas.
"Foi terrível, um desespero geral. Fiquei cantando para distrair meu filho e ligando do celular para minha mãe e para minha avó, para que elas rezassem", disse a psicóloga Maria Lúcia Viguetti, que estava com o filho Pietro, 9.
"É muito difícil ficar seis horas sentado lá em cima. É para nunca mais repetir", afirmou o passageiro Osmar Alves da Cruz.


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