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COMPORTAMENTO
Aparelho age em contato com a pele ou com superfície tocada pela pessoa; especialistas criticam uso
Detector de droga será vendido em farmácia
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Pais de usuários de drogas vão
contar com um novo e polêmico
aliado a partir do próximo mês:
um aparelho que detecta o consumo de entorpecentes sem que o filho saiba. O detector de drogas será vendido nas farmácias de todo
país, com autorização da Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância
Sanitária).
Para utilizá-lo, basta passar uma
das extremidades do aparelho na
pele da pessoa suspeita ou numa
superfície com a qual ela tenha tido contato -telefone, volante do
carro, mouse de computador, alça
de bolsa ou roupa suada. O aparelho possui anticorpos específicos
para cada tipo de droga, que
apontam a presença de quantidades mínimas da substância.
O resultado -se for positivo, o
visor fica vermelho- aparece em
dois minutos. O aparelho verifica
se houve consumo de drogas até
cinco dias anteriores ao teste.
Segundo Linaldo Guimarães Pimentel, diretor da SecureTech,
empresa alemã fabricante do aparelho, o detector deverá custar entre R$ 40 e R$ 50. A expectativa é
que sejam vendidas nos próximos
dois anos 1,4 milhão de unidades.
Para o psiquiatra Dartiu Xavier
da Silveira, 47, coordenador do
Proad (Programa de Orientação e
Assistência a Dependentes), ligado à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), esse tipo de aparelho desrespeita a individualidade das pessoas, além de ter eficácia contestada.
Segundo Silveira, os resultados
não especificam se a pessoa usou
drogas apenas naquele dia, se é
um usuário eventual ou se é um
dependente químico. "O que o
pai vai fazer com uma informação
isolada? Isso só cria uma paranóia
dentro de casa", avalia o médico.
Silveira classifica como "lamentável" uma relação familiar em
que os pais precisam lançar mão
de um detector de drogas para fiscalizar o filho.
Para o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, presidente da Abead
(Associação Brasileira de Estudos
de Álcool e Drogas), o teste pode
ser um bom instrumento de diagnóstico para profissionais que trabalham com dependentes de drogas. Monitorar por meio de exames se o paciente está ou não consumindo drogas é um dos meios
para verificar a eficácia do tratamento, segundo o psiquiatra.
Porém, ele não concorda que os
pais façam uso de um detector de
drogas para monitorar os filhos.
"Isso ultrapassa a competência da
família e demonstra total falta de
controle da situação. Se há desconfiança, os pais devem procurar ajuda profissional", afirma.
Na opinião de Linaldo Pimentel, o detector de drogas funciona
como "instrumento de aproximação" entre pais e filhos. "Ele auxilia em situações em que não há
mais diálogo", afirma.
De acordo com ele, às vezes o jovem precisa de ajuda para abandonar as drogas mas não têm coragem de se abrir com a família.
"No fundo, muitos até querem
que os pais saibam", diz.
O aparelho possui quatro versões que detectam diferentes tipos de droga: maconha e derivados, como o haxixe; opiáceos, como a morfina e a heroína; cocaína. em todas as formas; e o grupo
das anfetaminas, que inclui o ecstasy. Cada detector só pode ser
usado uma vez.
Inventado na Alemanha em
1997, o aparelho teve eficácia
comprovada pela DEA (agência
nacional antidrogas dos Estados
Unidos). Países como Inglaterra,
Alemanha e França usam o detector junto com o bafômetro para
checar o estado físico dos motoristas, segundo Pimentel.
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