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ENSINO SUPERIOR
Câmara adia votação de bolsa em curso privado
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem acordo entre os deputados
federais e sob pressão de instituições de ensino superior particulares, a votação do projeto de lei que
cria o Prouni (Programa Universidade para Todos) foi adiada ontem pela segunda vez.
O programa destina vagas gratuitas em instituições particulares
e filantrópicas de ensino superior
a alunos carentes da rede pública,
afrodescendentes e professores.
Após uma hora e meia de sessão
da comissão especial da Câmara,
o deputado Paulo Magalhães
(PFL-BA) pediu vista do projeto.
Alegou ser necessário "mais tempo para equacionar os problemas
levantados".
A Folha apurou que havia pressão de instituições com fins lucrativos para a retirada do texto porque elas queriam tentar ampliar
benefícios para o setor.
Até a conclusão desta edição, as
votações também estavam suspensas por falta de acordo entre
governistas e oposição e por não
haver quórum suficiente.
Os deputados queriam que o
texto do Prouni fosse aprovado
primeiro na comissão especial para depois ir ao plenário. Mas, como não houve acordo, o projeto
seria encaminhado diretamente
para votação em plenário.
"Chegamos a uma situação em
que o governo não concorda com
meu relatório, os deputados não
concordam... O relator não tem
condição de resolver as querelas
sozinho", disse o relator do Prouni, Irineu Colombo (PT-PR).
Colombo fez uma série de alterações na proposta do Executivo,
o que acabou gerando mais pressão das entidades. Entre as principais mudanças estão a inclusão de
bolsas parciais (o governo previa
só bolsas integrais), a redução das
vagas oferecidas pelas filantrópicas e instituições com fins lucrativos e a ampliação da renda per capita dos beneficiados (para 1,5 salário mínimo).
O anúncio feito anteontem pelo
Ministério da Educação da adesão de 33 instituições ao programa antes mesmo de ele ser aprovado no Congresso também alterou os ânimos dos membros da
comissão. "O consenso desapareceu ontem [anteontem] após a solenidade do MEC. Esse atropelo é
inaceitável", disse o deputado
Gastão Vieira (PMDB-MA), presidente da comissão.
Chegou a ser cogitada na Câmara a hipótese de o governo instituir o Prouni por medida provisória, que dependeria do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e teria
validade após publicada no "Diário Oficial" da União.
"Não há nenhuma resolução do
governo nem avaliação de que o
projeto seja retirado. É natural resistência porque há interesses
econômicos legítimos. Queremos
compor e tentar acordo para viabilizar a estratégia central da proposta, que é vaga gratuita", afirmou o ministro da Educação,
Tarso Genro.
Sobre a adesão das instituições
ao programa a partir do próximo
vestibular, antes mesmo da aprovação no Congresso, Tarso disse
que a medida "reforça o trabalho"
dos deputados que apóiam a
idéia. "Os que fizeram críticas ou
não conhecem bem a proposta ou
queriam votar contra ela."
(LUCIANA CONSTANTINO)
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