São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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MEGACIDADES

Festival Internacional de Curtas de SP aproxima capital paulista de Nova York, Cidade do México, Seul, Cingapura, Los Angeles e Tóquio

Quando as semelhanças não são coincidências

FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quarta-feira, início da noite, hora do rush. As ruas estão carregadas de carros. No subsolo, o metrô opera com lotação máxima. As pessoas se espremem umas contra as outras para não perder a viagem.
E onde parece não caber mais ninguém, entra mais um. E outro. Para que as portas se fechem, seguranças empurram a massa de gente para dentro do vagão.
Essa cena poderia ter acontecido em megacidades como São Paulo, Tóquio ou Nova York.
E é isso o que mostra o Foco Megacidades do 15º Festival Internacional de Curta-Metragens de São Paulo, que traz produções sobre megalópoles com mais de 15 milhões de habitantes em suas regiões metropolitanas, como Seul (Coréia do Sul), Cingapura, Bombaim (Índia), Jacarta (Indonésia) e Cidade do México.
O festival começa hoje, às 19h, com a apresentação ao ar livre, na praça Ramos, do filme "Thomaz Farkas, Brasileiro", do diretor Walter Lima Jr.

Cenas iguais
A cena descrita acima é de "Quarta-feira à Noite em Tóquio", curta de seis minutos que mostra seqüência insólita de guardas empurrando passageiros para dentro de vagões. O mesmo ocorre em São Paulo. "Acho isso um absurdo. Fora as cotoveladas e os chutes que alguns passageiros mal-educados distribuem na entrada dos vagões", reclama a estudante Déborah Fernanda, 26.
"Bycicle", curta em preto e branco, mostra um passeio frenético de bicicleta por Nova York. Arriscando-se por entre os carros, o motorista acaba sendo fechado e vai para o chão.
O mesmo já aconteceu várias vezes com o professor de educação física Alexandre Simi, 33, que usa sua bicicleta como meio de transporte em São Paulo. "A galera não respeita o ciclista. Já caí várias vezes por fechadas de carros."
Simi explica que, por conta dos perigos, escolhe os caminhos não pela distância, mas pela segurança que oferecem.
"Benhil", filmado em Jacarta, mostra a rede de mototáxis da cidade e aborda a linguagem corporal de quem divide um banco com um estranho. No Rio de Janeiro, na comunidade da Rocinha, são os mototáxis que fazem o transporte de boa parte das pessoas que vão atravessar longas distâncias dentro da favela. Em São Paulo, justamente para evitar esse contato, uma empresa, Motobor, criou o "agarradinho", um cinto vestido pelo motorista com duas alças para que o passageiro se segure.


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