|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crescem queixas sobre morcegos em SP
Até julho, centro de zoonoses registrou 816 chamados sobre esses animais, ante 1.200 em todo o ano passado e 864 em 2004
Razões para o aumento vão da ausência de predadores na área urbana a fartura de alimento e desmatamentos, de acordo com bióloga
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
O contador aposentado Helladio da Silva Pinho, 90, já recebeu a visita de três morcegos
no apartamento em que mora,
em Pinheiros (zona oeste de
SP). O terceiro invadiu a casa
há cerca de 20 dias.
A faxineira Maria Dias perdeu a conta de quantos morcegos já viu e pôs tela em todas as
janelas do apartamento, num
prédio em Arthur Alvim (zona
leste), para evitar a presença
dos animais. "Uma vez acordei
e havia um morcego no meu
quarto. Já encontrei outro na
sala, ao chegar do trabalho. Era
um susto atrás do outro", disse.
Ocorrências desse tipo têm
sido cada vez mais comuns em
São Paulo. Segundo dados do
Centro de Controle de Zoonoses, até julho deste ano, foram
feitas 816 reclamações sobre
morcegos. No ano passado inteiro foram 1.200 solicitações e,
em 2004, 864. Houve um incremento, portanto, de 38,8% de
um ano para outro.
Os números são subestimados -alguns moradores não se
queixam ao centro ou o fazem
às subprefeituras.
As razões para o aumento dos
morcegos na cidade são diversas. Segundo a bióloga Miriam
Sodré, responsável pela área de
morcegos do Centro de Controle de Zoonoses, na área urbana eles têm poucos predadores naturais, como a cobra e o
gavião, e encontram fartura de
alimento.
Os morcegos estão em toda a
capital, mas a maior parte das
queixas é feita por moradores
da zona norte (onde fica o centro de zoonoses) e da região sudoeste, principalmente de bairros como Butantã e Pinheiros.
Esses animais são encontrados em árvores, forros de casas
e vãos de dilatação de prédios.
O morcego pode transmitir
doenças -a principal delas é a
raiva. Neste ano, dos 249 morcegos identificados pelo Centro
de Controle de Zoonoses, três
tinham a doença.
Segundo Miriam, deve-se
evitar o contato com o animal.
Ela ressalta, porém, a importância ecológica do animal. "A
maioria dos morcegos de São
Paulo é insetívora. Eles podem
ser considerados controladores
de insetos como a mariposa,
pernilongo e besouro."
Texto Anterior: Para direção, medida é uma "surpresa" Próximo Texto: Urbanismo: Prefeitura fiscaliza imóveis irregulares no Jardim Europa Índice
|