São Paulo, sábado, 26 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Crescem queixas sobre morcegos em SP

Até julho, centro de zoonoses registrou 816 chamados sobre esses animais, ante 1.200 em todo o ano passado e 864 em 2004

Razões para o aumento vão da ausência de predadores na área urbana a fartura de alimento e desmatamentos, de acordo com bióloga


AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL

O contador aposentado Helladio da Silva Pinho, 90, já recebeu a visita de três morcegos no apartamento em que mora, em Pinheiros (zona oeste de SP). O terceiro invadiu a casa há cerca de 20 dias.
A faxineira Maria Dias perdeu a conta de quantos morcegos já viu e pôs tela em todas as janelas do apartamento, num prédio em Arthur Alvim (zona leste), para evitar a presença dos animais. "Uma vez acordei e havia um morcego no meu quarto. Já encontrei outro na sala, ao chegar do trabalho. Era um susto atrás do outro", disse.
Ocorrências desse tipo têm sido cada vez mais comuns em São Paulo. Segundo dados do Centro de Controle de Zoonoses, até julho deste ano, foram feitas 816 reclamações sobre morcegos. No ano passado inteiro foram 1.200 solicitações e, em 2004, 864. Houve um incremento, portanto, de 38,8% de um ano para outro.
Os números são subestimados -alguns moradores não se queixam ao centro ou o fazem às subprefeituras.
As razões para o aumento dos morcegos na cidade são diversas. Segundo a bióloga Miriam Sodré, responsável pela área de morcegos do Centro de Controle de Zoonoses, na área urbana eles têm poucos predadores naturais, como a cobra e o gavião, e encontram fartura de alimento.
Os morcegos estão em toda a capital, mas a maior parte das queixas é feita por moradores da zona norte (onde fica o centro de zoonoses) e da região sudoeste, principalmente de bairros como Butantã e Pinheiros.
Esses animais são encontrados em árvores, forros de casas e vãos de dilatação de prédios.
O morcego pode transmitir doenças -a principal delas é a raiva. Neste ano, dos 249 morcegos identificados pelo Centro de Controle de Zoonoses, três tinham a doença.
Segundo Miriam, deve-se evitar o contato com o animal. Ela ressalta, porém, a importância ecológica do animal. "A maioria dos morcegos de São Paulo é insetívora. Eles podem ser considerados controladores de insetos como a mariposa, pernilongo e besouro."


Texto Anterior: Para direção, medida é uma "surpresa"
Próximo Texto: Urbanismo: Prefeitura fiscaliza imóveis irregulares no Jardim Europa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.