São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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Polícia identifica PMs envolvidos em gravação de vídeo

Homem que agoniza em cenas reveladas pela Folha.com morreu três dias depois; colega algemado tinha 16 anos

Episódio ocorreu em maio de 2008, segundo comando da corporação; tiro foi dado por guarda-civil

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

O comando da PM disse ontem já ter identificado dez policiais presentes no episódio em que dois suspeitos são filmados após serem baleados.
Nas gravações, reveladas anteontem pela Folha.com, os dois homens cobertos de sangue são xingados e ameaçados. Um deles agoniza.
Pela versão da corporação divulgada ontem, o fato ocorreu em 9 de maio de 2008, na zona leste de São Paulo.
Os dois homens que aparecem feridos são Tiago Silva de Oliveira e um adolescente que à época tinha 16 anos.
A PM diz que eles eram suspeitos de roubar talões de cheques, celulares e R$ 525.
"Estrebucha, filho da puta" é uma das frases ditas por policiais enquanto Oliveira permanece caído no chão, com a boca cheia de espuma.
Ainda de acordo com o comando da PM, ele foi levado para o hospital Sapopemba, também na zona leste, mas morreu três dias depois.
O adolescente está vivo. Seu nome não foi divulgado. Ele foi ouvido ontem de manhã pelo grupo da PM que investiga a gravação do vídeo e disse não ter condições de reconhecer os PMs envolvidos.
A PM diz ter sido pega de surpresa pela divulgação do material, motivo pelo qual não havia investigado antes.
Após a Folha.com revelar o caso anteontem, o secretário de Estado da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, pediu "investigação imediata" tanto da Polícia Militar como da Polícia Civil.
A Folha apurou, no entanto, que as autoridades paulistas tinham conhecimento do vídeo havia duas semanas.

ABORDAGEM
Segundo a versão da PM, o guarda-civil André Pereira Alves atirou na dupla em uma perseguição. Alves não foi localizado ontem pela Folha.
Após a abordagem, o reforço foi chamado. Quatro carros que levavam dez policiais militares -um deles oficial- chegaram logo em seguida.
À época, todos os PMs trabalhavam no 38º Batalhão.
As cenas, então, começaram a ser gravadas, provavelmente pelo celular de um PM.
"Está vendo o inferno? Esse não morreu ainda? Deu sorte, hein, meu!", afirma o homem que grava as cenas ao adolescente, que está consciente e aparentemente apenas levemente ferido.
A Oliveira, o policial diz: "Filho da puta, você não morreu ainda? Olha pra cá!".
A Corregedoria da PM começou a ouvir os dez policiais ontem. Os interrogatórios devem continuar hoje.
O comando da corporação não divulgou ontem o nome dos policiais militares envolvidos no episódio.


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