São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2011

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Assassinatos crescem em SP nos últimos dois meses

Alta ameaça meta de manter índice abaixo de 10 casos por 100 mil habitantes

Governo afirma que a situação está sob controle, mas, para especialista, dado acende sinal de alerta

EVANDRO SPINELLI
ROGÉRIO PAGNAN
ANDRÉ CARAMANTE

DE SÃO PAULO

O número de homicídios dolosos (quando há intenção de matar) em SP teve duas altas consecutivas em junho e julho, revertendo uma tendência de queda que vinha desde o início de 2010.
Em junho, o aumento foi de 4,1%. Em julho, foi ainda maior: 20,1% (308 casos em 2010 contra 370 neste ano).
Essa alta ameaça a meta do governo de manter o índice de assassinatos no Estado abaixo de dez casos para cada grupo de 100 mil habitantes. Nos últimos 12 meses, a taxa foi de 9,95 por 100 mil.
A taxa de assassinatos seguia em queda desde março de 2010, quando chegou a 11,25 para cada 100 mil moradores. Em março de 2011, a meta do governo foi atingida, com 9,92, e o número continuou caindo até maio, quando atingiu a menor taxa dos últimos 15 anos (9,77).
Os indicadores poderiam ser ainda mais desfavoráveis. A taxa considera apenas o número de casos. Não leva em conta o número de vítimas. Ou seja, se morreram quatro pessoas em uma chacina, não são computadas quatro vítimas, mas um caso.
Os latrocínios também não estão inclusos, pois são considerados crimes contra o patrimônio -a vítima é morta durante um roubo. Até julho, 188 pessoas morreram em latrocínios no Estado neste ano.

SINAL DE ALERTA
O governo afirma que a alta de junho e julho não preocupa, pois os índices de violência permanecem sob controle, mas especialistas apontam que os novos números acendem um sinal de alerta.
"Enquanto as situações de criminalidade que estão no fundo do problema não forem solucionadas, altas da violência podem acontecer a qualquer momento", disse José dos Reis Santos Filho, coordenador do núcleo de violência na Unesp de Araraquara.
Para ele, as causas da violência ainda não são totalmente conhecidas, e isso dificulta o combate ao crime.
Também os crimes contra o patrimônio aumentaram, com destaque para o roubo de veículos (11,32%).
Na capital, os homicídios cresceram 14,9% em julho, menos que a média do Estado. Por outro lado, houve mais roubos de veículos.
Para o delegado-geral da Polícia Civil, Marcos Carneiro Lima, o aumento dos homicídios é uma variação, não uma tendência. Um dos motivos, diz, foi julho ter tido cinco fins de semana.
"Isso acontece, estatisticamente, a cada 800 anos. Vai ocorrer justo na minha gestão", afirma. Segundo ele, a taxa deste mês deve cair.
O comandante-geral da PM, coronel Álvaro Batista Camilo, disse que as polícias usam as estatísticas para direcionar o combate ao crime e que a principal meta é reduzir os roubos, principalmente os de veículos. Segundo ele, ao reduzir esse tipo de crime, as chances de combater os latrocínios são maiores.


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