São Paulo, domingo, 26 de setembro de 2004

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TURISMO SEXUAL

Caso veio à tona com naufrágio de embarcação; programas ocorreriam em barcos em rota de pesca esportiva

Nova rota de prostituição infantil no AM é investigada

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

A Polícia Civil do Amazonas está investigando uma nova rota de prostituição infantil para o turismo sexual no município de Barcelos, 450 km a oeste de Manaus, um dos principais destinos de pesca esportiva na região amazônica. As investigações apontam que meninas de 14 a 17 anos são aliciadas em casas de shows da capital para programas com turistas -brasileiros e estrangeiros- por quantias de R$ 800 a R$ 1.500.
A polícia afirma que os programas acontecem dentro de iates de luxo, no percurso da viagem pelo rio Negro, ou nos hotéis de selva.
Segundo pesquisa do Cecria (Centro de Referência, Estudos e Ações sobre Crianças e Adolescentes), das 76 rotas internacionais e interestaduais de tráfico de mulheres, crianças e adolescentes no Norte, 20 partem de Manaus.
A delegada Graça Silva, titular da Deapca (Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à Criança e ao Adolescente), disse que a nova rota foi exposta com o naufrágio de uma embarcação no último dia 19, quando morreram cinco meninas -duas menores. "A tragédia expôs a rota do turismo sexual para turistas que participam da temporada de pesca. É preciso medidas urgentes para coibir esse crime contra crianças e que fere ainda a imagem do turismo no Amazonas", disse.
Na Deapca, famílias das vítimas do acidente denunciaram a autônoma Dilcilane de Albuquerque Amorim, 33, conhecida como Dil, como aliciadora. Na quinta, Dil depôs e foi indiciada por crime de favorecimento à prostituição.
A advogada da autônoma, Maria Goreth Terças de Oliveira, disse no dia que sua cliente não iria falar e que todos os esclarecimentos constavam do depoimento.
No documento, ao qual a reportagem teve acesso, Dil negou ter recebido R$ 100 por garota contratada, mas declarou que um empresário paulista a contatou para o pacote turístico de pelos menos dez homens.
"Ele disse que o passeio seria muito divertido e que todas as despesas, desde hospedagem a alimentação, seriam pagas por seus amigos. Convidei algumas amigas", afirmou ela ao depor.
A delegada Graça Silva investiga ainda a envolvimento de mais dois aliciadores de menores, além de agentes de turismo, empresários e políticos.
Ela disse que alguns agenciadores de turismo da pesca incluem as meninas no negócio antes de os turistas chegarem.
Para pescar na região, um turista gasta em média US$ 3.900..


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