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EVENTO FOLHA
Em debate, Saraiva Felipe relaciona o aumento de casos de mortalidade por câncer à falta de qualificação profissional
Ministro vê falta de preparo na rede básica
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
O ministro da Saúde, Saraiva
Felipe, atribuiu o aumento crescente do número de casos de
mortalidade por câncer no país à
falta de diagnóstico precoce da
doença e à falta de qualificação
dos profissionais que atuam, sobretudo, na rede básica de saúde.
Hoje, o câncer é a segunda causa
de morte no Brasil, atrás apenas
das doenças cardiovasculares. Segundo o ministério, em 2002 foram registradas 130 mil mortes
por câncer no país -sendo 70 mil
homens e 60 mil mulheres.
A avaliação do ministro foi feita
no debate "Qualidade do tratamento de câncer no SUS", realizado no auditório da Folha na quinta-feira passada. Além do ministro, participaram do evento o secretário da Saúde do Estado de
São Paulo, Luiz Roberto Barradas
Barata, a secretária municipal da
Saúde, Maria Cristina Cury, a presidente da Sociedade Paulista de
Oncologia Clínica, Nise Yamaguchi, e o presidente da Associação
Médica Brasileira, Eleuses Paiva.
A mediação foi da repórter da Folha Cláudia Collucci.
Somente no Estado de São Paulo, calcula-se que 39 mil pessoas
morram de câncer todos os anos,
segundo Barradas Barata.
A organização do atendimento
oncológico no Brasil foi regulamentada em 1999, com a instituição da Política Nacional de Controle do Câncer. "Foram criados
os Cacons [Centros de Alta Complexidade em Oncologia]", lembrou Felipe. Hoje, são 380 instituições dentro do Cacon, sendo 180
hospitais e o restante serviços de
quimioterapia e de radioterapia.
No entanto, seis anos depois, o
atendimento ainda está abaixo da
necessidade da população.
Saraiva Felipe ressaltou que o
Ministério da Saúde vem aumentando os recursos para o tratamento de câncer. "Apesar do aumento de gastos, há mais pessoas
que chegam com cânceres avançados para tratamento", disse ele.
"Os médicos e os profissionais de
saúde envolvidos na atenção básica não estão preparados para fazer a detecção precoce do câncer e
não fazem com regularidade os
exames de prevenção."
O secretário estadual da Saúde
rebateu a declaração dizendo que
o Estado de São Paulo é "vítima de
seu sucesso". "Temos 22% da população brasileira no Estado, mas
realizamos 30% dos procedimentos radioterápicos do SUS. Costumo dizer que na área do câncer e
em outras áreas da saúde, São
Paulo é vítima do seu sucesso."
A secretária municipal de Saúde, Maria Cristina Cury, concordou. "O que São Paulo precisa é
reestruturar os encaminhamentos da rede, pois muitas vezes o
paciente tem o diagnóstico na
mão, mas há a difícil tarefa de encontrar onde fazer o tratamento."
Barradas Barata defende que o
ministério mude a forma de dar
acesso à assistência farmacêutica
aos pacientes, copiando o modelo
de sucesso que o ministério implantou na área da Aids. "A minha proposta é que o ministério
compre os remédios e os distribua aos centros especializados do
mesmo jeito que é feito com o
programa de Aids, reconhecido
no mundo inteiro como sendo
um programa de qualidade." O
ministro da Saúde disse achar
"extremamente interessante a
proposta".
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