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AVALIAÇÃO ESCOLAR
Especialistas apontam problemas de linguagem e três perguntas que teriam ficado sem resposta
Professores dizem haver erros no Enem
SIMONE HARNIK
DA REPORTAGEM LOCAL
A prova de redação do Enem
(Exame Nacional do Ensino Médio) foi realizada ontem por cerca
de 3 milhões de candidatos e, segundo a avaliação de professores
de cursinho, apresentou duas
questões que não permitem respostas e uma terceira que teria
duas alternativas corretas. Erros
de português e imprecisões também foram apontados.
Segundo o coordenador do Anglo, Sezar Sasson, os erros de linguagem chamaram a atenção. "Isso não aconteceu no ano passado.
Houve falta de crase, vírgula, problemas de concordância", disse.
"Não pode acontecer esse tipo de
coisa, a primeira competência cobrada é o domínio de linguagem.
É uma pena, pois é um formato de
prova em que acreditamos e mede mais competências do que o
conteúdo", afirma.
O professor de português do
Objetivo Fernando Teixeira de
Andrade diz que há duas respostas para a questão 63 da prova
amarela. A questão comparava
um trecho do livro "Memórias
Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis, a um desenho de
Cândido Portinari e perguntava
se o quadro era fiel à descrição.
Para ele, as respostas A (desenho tem detalhes que não constam no texto) e B (cena é fiel ao
texto), são corretas. "O conceito
de fidelidade relacionado à transposição do verbal para o visual
não se aplica. A imagem não deixa
de ser fiel ao espírito do texto."
O professor afirma ainda que a
prova apresentou dois erros de
transcrição de trechos literários
de Mário de Andrade -que teve
um erro de digitação- e de Carlos Drummond de Andrade, com
problema na divisão de estrofes
do "Poema de Sete Faces".
A coordenadora de português
do Etapa, Célia Passoni aponta
problemas na questão 25 da prova
amarela, sobre um desenho de
Henfil. Na sua avaliação, a tira não
faz crítica à situação dos trabalhadores, como está no gabarito. Segundo ela, nenhuma das alternativas apresentadas eram cabíveis.
O coordenador do Anglo ainda
destaca que a questão 49 da prova
amarela, que tratava sobre biologia, teria ficado sem resposta por
um problema no gráfico apresentado, que inverteu a legenda.
A coordenadora do Objetivo,
Vera Lúcia Antunes, afirma que
as imprecisões saltaram aos olhos
nesta edição da prova. Mas pondera: "Houve questões muito
bem feitas também". Outra crítica
que ela faz é sobre o caráter interdisciplinar do exame, que ficou
restrito a química, biologia, geografia e português. "História, por
exemplo, só teve uma pergunta".
Redação
A redação deste ano versou sobre o tema do trabalho infantil.
Diferentemente do ano passado,
quando abordou a criação do
Conselho Federal de Jornalismo,
problema em pauta naquele momento, o tema deste ano deixou
de lado a conjuntura política e o
escândalo do "mensalão".
Para a professora Maria Aparecida Custódio, do laboratório de
redação do Objetivo, o tema era
"previsível". "Já era esperado que
a crise política não passaria nem
perto do Enem", disse. "A novidade da proposta deste ano é que,
entre os quatro textos para reflexão, um deles defendia o trabalho
infantil, falando do traço de formação do caráter."
Daniele Vitoriano, 18, e Flávia
Araújo, 17, prestaram o exame pela primeira vez. Alunas de uma escola pública no centro da cidade,
elas deverão utilizar a prova para
ingressar no Prouni (Programa
Universidade para Todos). "Fiz as
15 linhas da redação, que era o pedido", disse Daniele.
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