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Relatório de CPI livra Anac de culpa pela crise aérea
Deputado Marco Maia (PT-RS) não pede indiciamento de nenhum dos diretores da Agência Nacional de Aviação Civil
Segundo o parlamentar, acidentes com aviões da
Gol e da TAM não têm relação nenhuma com a crise no setor aéreo do país
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após cinco meses de investigação, o relatório final da CPI
do Apagão Aéreo da Câmara
concluiu que os dois maiores
acidentes da aviação brasileira
não têm ligação com a crise aérea, defendeu o sistema militarizado de controle aéreo e tratou de forma amena e superficial as irregularidades constatadas na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), sem pedir o indiciamento da diretoria,
que está sendo lentamente destituída por pressão do governo.
Em um texto de 667 páginas,
ainda não aprovado, o relator
Marco Maia (PT-RS) pede que
o Ministério Público Federal
abra uma investigação para
apurar a responsabilidade individual e coletiva de diretores e
funcionários da Anac na elaboração e uso na Justiça da "falsa
norma" de segurança aérea que
poderia ter evitado o acidente
do vôo 3054 da TAM em julho.
A oposição reagiu com indignação ao constatar que o texto
não pedia o indiciamento de
nenhum diretor. "Este relatório é de uma frouxidão que eu
nunca vi na minha vida", disse
Vic Pires (DEM-PA).
Maia disse estar "tranqüilo"
porque, afirmou, existem indícios de improbidade administrativa e obtenção de vantagens
indevidas na Anac -mas que
não foram detalhados.
Há menções, porém, ao comportamento "débil" da agência
ao permitir que Congonhas se
tornasse um "hub" (centro de
distribuição de vôos) e à estrutura de fiscalização "frágil".
"O tema Denise Abreu parece mais uma bandeira do que
uma investigação séria", disse
Maia, sobre a ex-diretora acusada de entregar a "falsa norma" na Justiça. Em sua conclusão, ele afirma que existem
duas possibilidades: ou a norma foi publicada no site e usada
na Justiça por "incompetência
gerencial" da diretoria ou "um
de seus diretores" realizou esses atos de má-fé -nesse trecho nem cita o nome de Denise.
Segundo a Folha apurou, o
relator foi pressionado por setores do PT para não propor
apenas o indiciamento de Denise, que é ligada ao ex-chefe da
Casa Civil José Dirceu. Maia
alegou que não tinha provas
para acusar toda a diretoria.
O único consenso foi em pedir o adiamento do prazo final
da CPI para a próxima semana
para permitir a votação do relatório. A oposição, que é minoria na comissão, pretende apresentar voto em separado.
Os únicos crimes detalhados
no relatório são os de quatro
controladores e dos dois pilotos americanos do jato Legacy,
que colidiu com o Boeing da
Gol há quase um ano.
Sobre a desmilitarização, o
relatório final reproduz quase
literalmente a posição e as
apresentações contrárias levadas à CPI pela Aeronáutica.
No geral, Maia conclui que
vários fatores estruturais contribuíram para a crise aérea,
mas que o apagão no setor não
tem nenhuma ligação com os
graves acidentes aéreos.
Manetes
No relatório, Maia contrariou a assessoria técnica e concluiu que o sistema de automação da Airbus foi o fator determinante do acidente do vôo da
TAM. Ele sustenta que não é
possível afirmar se foi falha humana ou mecânica o fato de a
aeronave registrar que o manete da turbina direita estava em
posição de aceleração.
O relatório também aponta
falha operacional da TAM: "A
decisão da TAM de pousar com
uma aeronave que apresentava
defeito no reversor em um aeroporto com pista curta e molhada, com lotação máxima de
passageiros e com seu peso no
limite recomendado, pode-se
classificar como tendo sido, no
mínimo, temerária".
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