Nos três DPs por que passou, em Campinas, motorista de ônibus foi orientado a esperar fim da greve, que dura 11 dias

Apenas as ocorrências consideradas graves, como homicídio, e casos de flagrantes estão sendo registrados no município

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Dizendo ser vítima de ameaça de morte e de racismo, o motorista de ônibus Jurandir Pereira do Amaral, 35, tenta há três dias, sem sucesso, registrar um boletim de ocorrência em Campinas (93 km de SP).
"No DP, pediram para ter paciência", afirmou Amaral. A greve dos policiais civis de São Paulo completa hoje 11 dias.
O motorista já havia passado até ontem por três DPs da cidade. Em todos, foi orientado a esperar o fim da greve. "Se a pessoa que me ameaçou cumprir o prometido, a polícia não vai saber quem foi meu assassino", afirmou ele.
Algumas pessoas ainda procuravam ontem delegacias do município para registro de ocorrências, mesmo com faixas informando sobre a greve.
Em um dos avisos instalados em frente ao 1º DP, policiais pedem que o governador José Serra (PSDB) abra negociação com a categoria: "Senhor governador, o diálogo é o caminho para evitar a greve. Exigimos respeito a uma instituição centenária".
Ângela Lígia Luz, 29, teve o carro roubado por um homem armado na manhã de ontem em Campinas. Passou por três delegacias sem conseguir registrar o crime. "Se a polícia não pode fazer nada, quem vai fazer?", questionou.
Apenas ocorrências consideradas graves, como homicídios, estão sendo registradas nos DPs do município.
O Sindicato dos Policiais Civis de Campinas e Região promete uma passeata na próxima terça-feira pelas principais ruas e avenidas da cidade.
"Chegamos a um ponto em que não há mais saída. Não tem como recuar agora", disse o presidente do sindicato, Aparecido Lima de Carvalho.


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