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Ibama faz exigências para obra em porto
Para autorizar ampliação do porto de São Sebastião, órgão exige, entre outras coisas, mais estudos sobre animais no canal
Obra, que o governo de SP pretende iniciar em 2010, é combatida por moradores de Ilhabela, que temem "paredão" de contêineres
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ibama exigiu novas análises sobre o aumento de população e possíveis danos ao ambiente e por isso devolveu ao
governo de São Paulo o estudo
de impacto ambiental da ampliação do porto de São Sebastião, no litoral norte.
O órgão fez ainda série de
exigências para conceder a licença para a obra, que o Estado
pretende iniciar em 2010. Agora, a obra deve atrasar.
Como a Folha revelou em
agosto, a ampliação do porto
vem sendo combatida por moradores de Ilhabela, que temem a formação de um paredão de grandes navios e contêineres em frente à ilha.
Isso porque, além da área
portuária que é administrada
pelo Estado, o porto também
abriga o Tebar, terminal da Petrobras que já recebe navios gigantescos, com 340 metros, e
também será ampliado, chegando a receber até seis petroleiros de uma vez.
Já o número de embarcações
ancoradas no porto do Estado
vai saltar de quatro para 18. A
Companhia Docas de São Sebastião, gerente do porto, argumenta que não haverá impacto
significativo devido à distância
entre o porto e Ilhabela.
Via assessores, o presidente
da Docas, Frederico Bussinger,
confirmou ter recebido o ofício
do Ibama, mas não comentou
as exigências do órgão.
O presidente do Instituto
Ilhabela Sustentável, Georges
Grego, disse, sem conhecer o
EIA-Rima (Estudo-Relatório
de Impacto Ambiental), que ao
menos haverá mais tempo para
que os moradores conheçam o
documento oficial. "Pedimos,
mas não recebemos nada. Vamos analisar inclusive o que o
Ibama considerou correto. Ganhamos um prazo maior."
O documento do Ibama enfatiza a necessidade de mais estudos sobre a presença de peixes, baleias, golfinhos, crustáceos e plantas na região afetada
pelo porto. Grupos de mais de
dez baleias orcas já foram vistas no canal. Tanto baleias como golfinhos estão sujeitos a
atropelamentos por navios.
O Ibama cobra ainda estudos
sobre o transporte de sedimentos (basicamente, quase a mesma areia que forma praias) no
canal de São Sebastião.
Qualquer mudança no regime de circulação da areia pode
tanto aumentar quanto destruir uma praia, como está
ocorrendo em Massaguaçu, em
Caraguatatuba. O fenômeno é
denominado erosão costeira.
Outra preocupação é com a
mão de obra a ser empregada
pelo porto, já que as grandes
construções atraem contingentes de migrantes à região.
Somente São Sebastião tem
cerca de 40 núcleos habitacionais precários, parte formada
por barracos que se multiplicaram na costa sul, como em Maresias, Saí, Camburi e Juqueí.
Nesta semana, a Secretaria
do Meio Ambiente baixou resolução em que vincula grandes projetos no litoral a medidas para reduzir estragos. Segundo o texto, a ameaça à mata
atlântica "é causada, em grande
parte, pela ocupação irregular
de áreas protegidas".
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