São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2000

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Pitta só vai entregar 6% das casas prometidas para morador de viaduto

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Até o final da atual administração, a Prefeitura de São Paulo só dará abrigo a 6% das 389 famílias que foram vítimas de três incêndios em favelas nos últimos três meses ou vivem embaixo de viadutos considerados áreas de risco.
Das 350 casas prometidas em agosto pelo secretário de Governo, Arnaldo Faria de Sá, 25 serão entregues nos próximos 20 dias. As demais têm conclusão prevista para dentro de três meses, ou seja, no final de janeiro, quando a cidade já terá um novo prefeito.
Na época, as casas iriam abrigar os moradores do morro do Urubu e do viaduto Ceagesp. A idéia do loteamento fazia parte de uma operação que tinha como objetivo retirar os moradores de 43 viadutos da cidade.
Para a construção das 350 casas, foram liberados, em setembro, R$ 2,4 milhões do Orçamento municipal. A dificuldade em levantar a verba foi a justificativa oficial para o atraso no início das obras, que deveriam ser entregues em 10 de setembro.
O projeto integral, que previa a construção, no total, de 3.500 casas, ainda espera aprovação na Secretaria Municipal da Habitação e também vai ficar para a próxima administração.
Apesar de afirmar que a entrega das casas obedece à "urgência na remoção dos moradores das áreas de risco", o prefeito Celso Pitta não vai atender nem 10% das 260 famílias que foram anunciadas como prioridade pela prefeitura.
As 153 que viviam na favela do morro do Urubu (zona sudeste de SP), incendiada em julho, continuam morando em contêineres. As cerca de 60 que vendem casinhas de madeira sob o viaduto da Ceagesp, na marginal Pinheiros, e tiveram seu material de trabalho confiscado ainda moram e trabalham no local, considerado de risco. Outras 47 famílias vivem hoje entre os escombros da favela sob o viaduto Mofarrej (zona noroeste), que pegou fogo em setembro.
As 129 famílias desabrigadas no incêndio da última sexta-feira na favela da avenida Zaki Narchi (zona norte) não estão incluídas entre as que serão contempladas com as casas. O prefeito Celso Pitta disse, no entanto, que elas não poderão continuar no local, que já pegou fogo outras duas vezes.
Pitta visitou ontem as duas primeiras casas, que devem ser entregues amanhã, mas ainda não passavam de "esqueletos". Localizadas em um terreno da Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), na zona leste, elas são pré-moldadas em concreto, têm 24 metros quadrados e abrigarão famílias que moram sob o viaduto Mofarrej.
Cada unidade custa R$ 4.800. Os moradores terão a possibilidade de comprar a casa, por parcelas mensais de R$ 38, em 25 anos. Quem não puder desembolsar esse valor vai pagar R$ 12 mensais pela permissão de uso do imóvel.



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