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IGUALDADE
Sílvia Pimentel, professora da PUC/SP, fará parte de grupo encarregado de monitorar convenção contra a discriminação
Brasileira integrará comitê da ONU sobre mulheres
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Sílvia Pimentel, professora de filosofia do direito da PUC/SP e
coordenadora do Cladem/Brasil
(Comitê Latino Americano e do
Caribe para a Defesa dos Direitos
da Mulher), tomará posse em 1º
de janeiro de 2005 no Comitê Cedaw -sobre a discriminação
contra a mulher- da ONU.
Eleita por 93 países, no dia 5 de
agosto, Pimentel é uma das 23 especialistas que vão monitorar a
implementação da Convenção
para a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação contra
a Mulher, de 1979. Pela convenção, os 170 países signatários estão obrigados a adotar políticas
que visem a erradicar a desigualdade e promover a igualdade entre homens e mulheres.
Pimentel há 30 anos faz parte do
movimento de mulheres no Brasil. Ela participou, entre outros,
do movimento das Diretas Já e da
Constituinte, lutando pela incorporação das propostas feministas
na Constituição de 1988.
Segundo ela, há muito ainda a
ser feito para a promoção dos direitos humanos das mulheres,
mas a importância que o comitê
vem ganhando demonstra a preocupação da ONU com essa questão. Pimentel destaca que a situação da mulher, apesar das diferenças peculiares de cada país,
merece atenção em todo o mundo, havendo discriminação tanto
nos países desenvolvidos quanto
nos subdesenvolvidos.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida à Folha
Folha - Em que contexto surgiu a
convenção?
Sílvia Pimentel - É uma convenção da ONU que surgiu como um
compromisso após a 1ª Conferência Internacional da Mulher, na
Cidade do México, em 1975, marco inicial da década da mulher,
que se estendeu até 1985, com a 3ª
Conferência Internacional da
Mulher, em Nairóbi (Quênia). Interessante é mostrar a relação da
convenção com o assumir pela
ONU da importância da atenção
da condição da mulher na sociedade em termos internacionais,
como uma situação subordinada,
variando em pequenos matizes, o
grau e os problemas específicos.
Infelizmente temos que dizer que
a situação de desigualdade sócio-jurídica acontece em praticamente todo o mundo.
Folha - Qual a função do Comitê
Cedaw?
Pimentel - O comitê tem a função de analisar os relatórios enviados a cada quatro anos pelos
Estados-partes. Os países que assinaram e ratificaram a convenção estão obrigados a enviar um
relatório indicando o que fizeram
com respeito a medidas públicas,
à legislação para combater e superar uma situação de discriminação contra a mulher, promovendo a igualdade. Esse é o aspecto
mais importante da convenção:
combater a discriminação e promover a igualdade.
Folha - Quando o Brasil entregou
o último relatório?
Pimentel - Na realidade, o Brasil
ratificou a convenção em 1984,
mas só entregou o primeiro relatório, valendo por cinco, em 2002.
Esse relatório foi analisado em
2003. Ele foi elaborado por um
consórcio de mulheres com um
conhecimento grande nas diversas áreas mencionadas na convenção, como educação, saúde.
Folha - Em linhas gerais, qual o
conteúdo do relatório?
Pimentel - O objetivo do relatório é fornecer subsídios para a
construção do diálogo e melhoria
da qualidade dos programas e
ações governamentais na esfera
federal para a erradicação da pobreza, promoção da eqüidade e
justiça. As desigualdades devem
ser eliminadas com instrumentos
eficazes que promovam a emancipação, autonomia e protagonismo das mulheres, aumentando
sua auto-estima e dignidade e firmando sua cidadania.
Folha - Sobre sua eleição. O voto
de que país mais lhe surpreendeu?
Pimentel - Muitos, devido ao
meu perfil de feminista, que trabalha com temas tão delicados como a área dos direitos reprodutivos e sexuais. E o meu currículo
foi encaminhado para todos e não
se escondeu nada.
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