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Quadrilha tinha "olheiro" para roubar Rolex
11 suspeitos foram detidos; jardineiro de cemitério e manobrista que trabalhava perto de shopping davam dicas sobre vítimas
Criminosos seguiam vítimas em uma Mercedes para não chamar a atenção; relógios eram enviados para os
EUA e para a Argentina
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir do latrocínio (roubo
seguido de morte) do policial
civil Gianfranco Cavallanti Júnior, 38, ocorrido no dia 7 de julho, a polícia identificou e prendeu 11 pessoas acusadas de integrar a maior quadrilha de assaltantes de relógios Rolex do
Estado de São Paulo.
Dirigindo seu Jaguar X-Type
e com um Rolex de R$ 19 mil no
pulso, Cavallanti -que era casado com uma juíza de direito e
pai de uma menina de seis meses- trafegava pela avenida Oscar Americano, no Morumbi
(zona oeste de São Paulo),
quando foi morto por dois criminosos em uma moto que
queriam roubar seu relógio.
Com informações sobre o latrocínio, policiais da 4ª Delegacia do Deic (Departamento de
Investigações Sobre o Crime
Organizado) rastrearam ligações telefônicas feitas por assaltantes de Rolex que agiam na
região dos aeroportos da Grande São Paulo e conseguiram
chegar à quadrilha.
Ficha criminal
O grampo telefônico fez com
que os policiais descobrissem
que José Rosa Melro, dono de
quatro escritórios de compra e
venda de ouro e de uma ficha
criminal com mais de 60 acusações por receptação de material
roubado (agora ele terá mais
sete, por conta dos Rolex que
adquiriu dos assaltantes), era
quem comprava, por preços
que variavam de R$ 200 a R$
8.000, os relógios roubados
nessas regiões da cidade.
Durante os quatro meses de
monitoramento da quadrilha, o
delegado Fábio Pinheiro Lopes
descobriu que Melro, muitas
vezes, enganava até os criminosos que o abasteciam com relógios roubados. Dizia que os Rolex valiam apenas R$ 200 e os
repassava por quase R$ 10.000
para pessoas que os levavam
para Miami (EUA) e Argentina.
O jardineiro Tonis Ferreira
de Araújo foi preso e acusado
de se aproveitar do acesso que
tinha ao Cemitério São Paulo,
em Pinheiros (zona oeste), para
passar dicas sobre possíveis vítimas aos criminosos. A mesma
acusação foi feita contra o manobrista Luciano Santana de
Lima, que trabalhava perto do
Shopping Iguatemi, também
em Pinheiros.
A quadrilha é suspeita de ter
roubado, em março deste ano, o
Rolex do secretário secretário
municipal de Coordenação das
Subprefeituras, Andrea Matarazzo, no Jardim América.
Um dos responsáveis pelos
roubos, Marcelo Klipel de Oliveira, após receber ligações dos
olheiros do bando, seguia as vítimas num Mercedes Classe A,
onde levava um comparsa, que
estava armado. Um outro criminoso seguia numa moto.
Assim que um semáforo fechava e o carro da vítima parava, o assaltante saltava do Classe A, subia na garupa da moto
usada na ação, colocava um capacete e fazia o roubo. Na seqüência, para despistar a polícia, que sempre era orientada a
procurar dois homens em uma
moto, o criminoso voltava para
o Classe A. Os acusados não puderam falar com a Folha.
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