São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Quadrilha tinha "olheiro" para roubar Rolex

11 suspeitos foram detidos; jardineiro de cemitério e manobrista que trabalhava perto de shopping davam dicas sobre vítimas

Criminosos seguiam vítimas em uma Mercedes para não chamar a atenção; relógios eram enviados para os EUA e para a Argentina

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do latrocínio (roubo seguido de morte) do policial civil Gianfranco Cavallanti Júnior, 38, ocorrido no dia 7 de julho, a polícia identificou e prendeu 11 pessoas acusadas de integrar a maior quadrilha de assaltantes de relógios Rolex do Estado de São Paulo.
Dirigindo seu Jaguar X-Type e com um Rolex de R$ 19 mil no pulso, Cavallanti -que era casado com uma juíza de direito e pai de uma menina de seis meses- trafegava pela avenida Oscar Americano, no Morumbi (zona oeste de São Paulo), quando foi morto por dois criminosos em uma moto que queriam roubar seu relógio.
Com informações sobre o latrocínio, policiais da 4ª Delegacia do Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) rastrearam ligações telefônicas feitas por assaltantes de Rolex que agiam na região dos aeroportos da Grande São Paulo e conseguiram chegar à quadrilha.

Ficha criminal
O grampo telefônico fez com que os policiais descobrissem que José Rosa Melro, dono de quatro escritórios de compra e venda de ouro e de uma ficha criminal com mais de 60 acusações por receptação de material roubado (agora ele terá mais sete, por conta dos Rolex que adquiriu dos assaltantes), era quem comprava, por preços que variavam de R$ 200 a R$ 8.000, os relógios roubados nessas regiões da cidade.
Durante os quatro meses de monitoramento da quadrilha, o delegado Fábio Pinheiro Lopes descobriu que Melro, muitas vezes, enganava até os criminosos que o abasteciam com relógios roubados. Dizia que os Rolex valiam apenas R$ 200 e os repassava por quase R$ 10.000 para pessoas que os levavam para Miami (EUA) e Argentina.
O jardineiro Tonis Ferreira de Araújo foi preso e acusado de se aproveitar do acesso que tinha ao Cemitério São Paulo, em Pinheiros (zona oeste), para passar dicas sobre possíveis vítimas aos criminosos. A mesma acusação foi feita contra o manobrista Luciano Santana de Lima, que trabalhava perto do Shopping Iguatemi, também em Pinheiros.
A quadrilha é suspeita de ter roubado, em março deste ano, o Rolex do secretário secretário municipal de Coordenação das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, no Jardim América.
Um dos responsáveis pelos roubos, Marcelo Klipel de Oliveira, após receber ligações dos olheiros do bando, seguia as vítimas num Mercedes Classe A, onde levava um comparsa, que estava armado. Um outro criminoso seguia numa moto.
Assim que um semáforo fechava e o carro da vítima parava, o assaltante saltava do Classe A, subia na garupa da moto usada na ação, colocava um capacete e fazia o roubo. Na seqüência, para despistar a polícia, que sempre era orientada a procurar dois homens em uma moto, o criminoso voltava para o Classe A. Os acusados não puderam falar com a Folha.


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