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PF investiga empresário de São Sebastião
Zarzur Júnior é ligado ao prefeito e trabalhou como procurador para o grupo português Riviera, que adquiriu áreas na cidade
Prefeito é suspeito de tentar mudar o Plano Diretor da cidade para valorizar os terrenos adquiridos pela empresa portuguesa
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal investiga
em sigilo, há cerca de três meses, indícios de sonegação fiscal, ocultação de bens e lavagem de dinheiro supostamente
cometidas por um empresário
de São Sebastião (SP) ligado ao
prefeito Juan Pons Garcia
(PPS). Garcia é suspeito de tentar mudar a lei de uso do solo e
o Plano Diretor da cidade para
favorecer um grupo português,
o Riviera -para o qual trabalhou o empresário-, que adquiriu terrenos no litoral norte.
As cerca de 40 áreas adquiridas poderiam ser valorizadas
porque o projeto, ainda não
aprovado pela Câmara, permite
a construção de prédios de até
20 metros em locais onde
atualmente são proibidos.
O empresário, Andelmo Zarzur Júnior, passou a exibir sinais de riqueza após atuar para
o Riviera. A PF tem duas hipóteses: ou ele recebeu dinheiro
do grupo para, com a ajuda do
prefeito, mudar a lei ou desviou
o dinheiro dos portugueses.
O empresário, que doou R$
40 mil à campanha de Garcia
por intermédio de sua empresa
de adesivos, acompanhou o
prefeito em viagem à empresa,
em Portugal, em 2004, após as
eleições. Em dezembro do mesmo ano, os dois receberam juntos em São Sebastião o empresário Emídio Mendes, representante do grupo Riviera.
Segundo informações que
ainda estão sendo apuradas pela PF, o interesse inicial do grupo seria por terrenos na área
onde a Petrobras instalaria sua
base de processamento de gás.
Para isso, contaria com informações da prefeitura para ter
certeza de onde seria construída a base. Na época, a Petrobras
estudava onde implantá-la,
mas a empresa acabou optando
por Caraguatatuba.
Como a base não ficou em
São Sebastião, a saída teria sido
mudar a lei municipal para valorizar as áreas adquiridas.
A PF ainda não abriu inquérito para apurar o caso, segundo
o delegado-chefe de São Sebastião, José Pinto de Luna.
Porém, a Folha apurou que
os agentes federais vêm reunindo dados sobre bens supostamente pertencentes a Zarzur. A Receita Federal foi acionada para verificar se os bens
são compatíveis com a renda
de Zarzur, que deixou de ser
procurador do grupo em outubro do ano passado.
Zarzur teria adquirido carros
importados, entre eles uma
Ferrari, concessionárias de automóveis e casas em Alphaville
(SP), em Guarulhos e em uma
praia da cidade.
A PF também ouviu o empresário Estevão Flávio Ciappina, que também chegou a trabalhar na campanha de Garcia.
""Ele colocou dinheiro sem dizer de onde vinha", disse.
Boa parte das informações
faz parte de um documento entregue por Ciappina ao Ministério Público de São Paulo.
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