|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Índio aceita "branco" na aldeia, mas apenas de vez em quando
DA REPORTAGEM LOCAL
Dançar para o "branco", cantar para o "branco", passear na
mata com o "branco" e vender
artesanato para o "branco". É o
que querem os cerca de 300 índios da aldeia guarani Krukutu.
Mas só de vez em quando.
"A gente não é igual ao homem branco. A gente não tem
intenção de receber ônibus todo dia aqui. O "branco", se deixar, vem todo dia. Para a gente,
uma vez por mês já está bom",
diz Olivio Zeferino da Silva, ou
Olivio Jekupé, escritor e presidente da Associação Guarani
Nhe'ê Porã, formada para defender os interesses da aldeia.
A Krukutu é uma das três aldeias indígenas da capital. É vizinha, em Parelheiros, da aldeia
Tenonde Porã. A outra fica no
Jaraguá, zona oeste. As duas
comunidades vizinhas estão integradas ao projeto de turismo
da região. Paga-se por todos os
serviços e produtos que os índios oferecem nas aldeias.
"Sempre vinha turista aqui e
pedia para a gente dançar para
eles. Já que eles vinham mesmo, resolvemos cobrar. Pelo
menos gera renda para a comunidade. E o turismo ajuda um
pouco. Pelo menos, é uma maneira de vender nosso artesanato", afirma Jekupé.
O presidente da associação
diz que o turismo, além de ajudar a manter a comunidade, é
uma forma de divulgar o amor
que os índios têm pela natureza. A cada grupo que chega é
apresentada uma palestra sobre a cultura guarani e a vida na
aldeia. Depois, os turistas são
levados a fazer trilha na mata
ou a nadar nos rios da área. No
final, a passadinha na lojinha de
artesanato é quase obrigatória.
As duas aldeias de Parelheiros têm, cada uma, 25 hectares.
Na Tenonde Porã, moram cerca de 800 índios. A maior parte
não fala português. Mesmo os
que aprenderam "a língua dos
brancos" precisam, antes,
aprender o guarani. A meta, diz
Jekupé, é preservar a cultura.
Mesmo sem falar português,
os índios adotaram a modernidade. A aldeia tem site, o cacique tem telefone celular e todos os índios têm acesso à internet. "Os índios aqui mexem
com Orkut, com e-mail. É uma
maneira de conversar com outros índios."
Texto Anterior: Projeto estimula ecoturismo na capital de SP Próximo Texto: Divulgação só começará no ano que vem Índice
|