São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Índio aceita "branco" na aldeia, mas apenas de vez em quando

DA REPORTAGEM LOCAL

Dançar para o "branco", cantar para o "branco", passear na mata com o "branco" e vender artesanato para o "branco". É o que querem os cerca de 300 índios da aldeia guarani Krukutu. Mas só de vez em quando.
"A gente não é igual ao homem branco. A gente não tem intenção de receber ônibus todo dia aqui. O "branco", se deixar, vem todo dia. Para a gente, uma vez por mês já está bom", diz Olivio Zeferino da Silva, ou Olivio Jekupé, escritor e presidente da Associação Guarani Nhe'ê Porã, formada para defender os interesses da aldeia.
A Krukutu é uma das três aldeias indígenas da capital. É vizinha, em Parelheiros, da aldeia Tenonde Porã. A outra fica no Jaraguá, zona oeste. As duas comunidades vizinhas estão integradas ao projeto de turismo da região. Paga-se por todos os serviços e produtos que os índios oferecem nas aldeias.
"Sempre vinha turista aqui e pedia para a gente dançar para eles. Já que eles vinham mesmo, resolvemos cobrar. Pelo menos gera renda para a comunidade. E o turismo ajuda um pouco. Pelo menos, é uma maneira de vender nosso artesanato", afirma Jekupé.
O presidente da associação diz que o turismo, além de ajudar a manter a comunidade, é uma forma de divulgar o amor que os índios têm pela natureza. A cada grupo que chega é apresentada uma palestra sobre a cultura guarani e a vida na aldeia. Depois, os turistas são levados a fazer trilha na mata ou a nadar nos rios da área. No final, a passadinha na lojinha de artesanato é quase obrigatória.
As duas aldeias de Parelheiros têm, cada uma, 25 hectares.
Na Tenonde Porã, moram cerca de 800 índios. A maior parte não fala português. Mesmo os que aprenderam "a língua dos brancos" precisam, antes, aprender o guarani. A meta, diz Jekupé, é preservar a cultura.
Mesmo sem falar português, os índios adotaram a modernidade. A aldeia tem site, o cacique tem telefone celular e todos os índios têm acesso à internet. "Os índios aqui mexem com Orkut, com e-mail. É uma maneira de conversar com outros índios."



Texto Anterior: Projeto estimula ecoturismo na capital de SP
Próximo Texto: Divulgação só começará no ano que vem
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.