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Prédios vazios em SP ainda guardam histórias da cidade
Hilton, Prestes Maia e outros edifícios integram a paisagem desabitada da capital
Índice de imóveis vagos no centro da cidade ficou em 9% no primeiro semestre, segundo uma consultoria
do mercado imobiliário
DA REVISTA DA FOLHA
A Bienal do Vazio, assim apelidada em razão do andar livre
que esta Bienal de Artes de São
Paulo deixou no prédio do Ibirapuera, encontra paralelo em
uma infinidade de imóveis ocos
que a cidade esconde. A estimativa da prefeitura é que haja de
300 a 400 prédios completamente desocupados em São
Paulo. A maioria fica no centro.
Os dados são da gestão da ex-prefeita Marta Suplicy.
A Colliers, uma das principais consultorias do mercado
imobiliário, diz que a vacância
do centro (índice que mede a
porcentagem de imóveis desocupados) ficou em 9% no primeiro semestre. É um índice alto, mas menor do que os 12% do
último semestre de 2007.
Os casos resgatados pela Folha esboçam a paisagem criada
pelo fenômeno dos prédios vazios. Mais do que tijolos empilhados, eles são personagens de
uma cidade em movimento.
Edifício Prestes Maia
Esta antiga sede da Companhia Nacional de Tecidos, que
faliu em 1991, acabou se transformando em algo próximo ao
cenário dos escombros de uma
guerra civil. São 23 andares, vazios e repletos de destroços.
A entrada está lacrada com
tijolos e cimento, mas é possível ter acesso ao prédio pela
parte de trás, por um estacionamento. Entre 2002 e 2005,
mais de 400 famílias ligadas ao
movimento dos sem-teto ocuparam o lugar. Os proprietários
do prédio devem de IPTU ao
governo mais de R$ 5 milhões.
O piso corre o risco de desabar. Roupas velhas, móveis estragados, infiltrações e paredes
pichadas funcionam como um
verdadeiro atestado de óbito do
prédio. Tapumes espalhados
demarcam o território dos
"apartamentos" improvisados.
Formavam uma favela vertical.
Barricadas de escombros, erguidas para prevenir uma invasão da polícia, se espalham pelos andares. Os invasores resistiram a 18 ações de despejo.
Antigo Hilton
A construção de formato cilíndrico passou cinco anos em
desuso e ainda hoje desponta
no início da avenida Ipiranga
como algo sem vida.
A ameaça de se tornar mais
um prédio oco, no entanto, foi
descartada quando o Tribunal
de Justiça de São Paulo resolveu alugá-lo por R$ 670 mil. A
intenção é instalar ali 126 gabinetes de desembargadores. A
nova ocupação deveria ter sido
feita em 2007, mas a reforma
proposta atrasou. A nova data
está marcada para dezembro.
Projetado pelo arquiteto Mário Bardelli, o edifício é um
marco arquitetônico, vizinho a
dois outros prédios modernos
de peso -o Copan e o Itália. Já
em sua inauguração, em 1971,
ele foi ocupado pela primeira
rede internacional de hotéis a
chegar à São Paulo, o Hilton.
Segundo o secretário do TJ,
Eduardo Alcântara, o prédio
será ocupado pelo tribunal devido aos preços favoráveis e à
revalorização do centro. Cada
gabinete vai ocupar o espaço de
três quartos do antigo hotel. O
teatro e o jardim projetado por
Burle Marx foram preservados.
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