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SAÚDE / ORTOPEDIA
Estudo discute necessidade de operar a hérnia de disco
Pesquisa feita nos EUA comparou tratamento e cirurgia; ambos funcionaram
Após dois anos, cerca de 70% disseram ter sentido "melhora importante"; pacientes que esperaram não tiveram problemas p
GINA KOLATA
DO "NEW YORK TIMES"
Pessoas que sofreram rupturas de discos lombares geralmente se recuperam, quer passem por cirurgia ou não, dizem
pesquisadores. O estudo constatou que a cirurgia parece promover o alívio da dor em um
prazo menor, mas que a maioria dos pacientes acaba se recuperando de qualquer maneira,
com o tempo, e que não há mal
nenhum em esperar.
Publicado no "The Journal of
the American Medical Association", o estudo mostrou que, ao
final, nem a espera nem a cirurgia saíram vencendo claramente. A conclusão foi que a maioria dos pacientes pode decidir
em segurança o que fazer, baseada em suas preferências
pessoais e seu nível de dor. Embora muitos pacientes não tivessem se mantido com o tratamento que lhes tinha sido designado, a maioria se saiu bem
com qualquer um. Os pacientes
submetidos à cirurgia em muitos casos relataram alívio imediato da dor. Mas, ao término
de três a seis meses, os pacientes de ambos os grupos relataram melhoras significativas.
Após dois anos, cerca de 70%
dos pacientes dos dois grupos
disseram ter sentido "uma melhora importante" de seus sintomas. Nenhum dos pacientes
que esperou sofreu consequências sérias, e nenhum dos que
passou pela cirurgia sofreu resultados desastrosos.
Muitos cirurgiões temiam
que a espera pudesse acarretar
danos importantes, mas o estudo comprovou que esses temores não tinham fundamento.
De acordo com James
Weinstein, professor de cirurgia ortopédica em Dartmouth e
chefe do estudo, até 1 milhão de
americanos sofrem em razão
de rupturas de discos lombares.
Com freqüência é dito aos
pacientes que, se adiarem a cirurgia, correrão o risco de sofrer danos permanentes aos
nervos, possivelmente o enfraquecimento da perna ou até
mesmo a perda do controle sobre intestinos ou bexiga. Mas
nada disso aconteceu durante o
estudo de dois anos de duração,
com quase 2.000 pacientes.
A pesquisa não incluiu pessoas que apenas apresentavam
dor lombar, que pode ter muitas causas. Também não inclui
portadores de condições que
exigiriam cirurgias imediatas,
tais como a perda do controle
sobre intestinos ou bexiga.
O estudo envolveu 13 clínicas
em 11 Estados americanos. Todos os participantes sofriam
dores resultantes de hérnias de
disco e dores nas pernas. Aqueles que não fizeram a cirurgia
geralmente receberam fisioterapia, aconselhamento e drogas
antiinflamatórias.
Embora os resultados respondam a uma pergunta -a segurança da opção de aguardar-
, em certo sentido foram decepcionantes, disse David R. Flum,
editor do "The Journal of the
American Medical Association" e professor na Universidade de Washington. "Todo
mundo esperava que o estudo
demonstrasse qual opção é melhor", afirmou. "E todo mundo
se surpreendeu diante do número enorme de mudanças de
opção nos dois sentidos", disse,
referindo-se ao grande número
de pacientes que trocou de opção: de cirurgia para aguardar e
vice-versa. Para Weinstein, a
mensagem final é que, independentemente do tratamento, "ninguém piorou". "E isso é
algo que não sabíamos."
Tradução de CLARA ALLAIN
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