São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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SAÚDE / ORTOPEDIA

Estudo discute necessidade de operar a hérnia de disco

Pesquisa feita nos EUA comparou tratamento e cirurgia; ambos funcionaram

Após dois anos, cerca de 70% disseram ter sentido "melhora importante"; pacientes que esperaram não tiveram problemas p GINA KOLATA
DO "NEW YORK TIMES"

Pessoas que sofreram rupturas de discos lombares geralmente se recuperam, quer passem por cirurgia ou não, dizem pesquisadores. O estudo constatou que a cirurgia parece promover o alívio da dor em um prazo menor, mas que a maioria dos pacientes acaba se recuperando de qualquer maneira, com o tempo, e que não há mal nenhum em esperar.
Publicado no "The Journal of the American Medical Association", o estudo mostrou que, ao final, nem a espera nem a cirurgia saíram vencendo claramente. A conclusão foi que a maioria dos pacientes pode decidir em segurança o que fazer, baseada em suas preferências pessoais e seu nível de dor. Embora muitos pacientes não tivessem se mantido com o tratamento que lhes tinha sido designado, a maioria se saiu bem com qualquer um. Os pacientes submetidos à cirurgia em muitos casos relataram alívio imediato da dor. Mas, ao término de três a seis meses, os pacientes de ambos os grupos relataram melhoras significativas.
Após dois anos, cerca de 70% dos pacientes dos dois grupos disseram ter sentido "uma melhora importante" de seus sintomas. Nenhum dos pacientes que esperou sofreu consequências sérias, e nenhum dos que passou pela cirurgia sofreu resultados desastrosos. Muitos cirurgiões temiam que a espera pudesse acarretar danos importantes, mas o estudo comprovou que esses temores não tinham fundamento.
De acordo com James Weinstein, professor de cirurgia ortopédica em Dartmouth e chefe do estudo, até 1 milhão de americanos sofrem em razão de rupturas de discos lombares.
Com freqüência é dito aos pacientes que, se adiarem a cirurgia, correrão o risco de sofrer danos permanentes aos nervos, possivelmente o enfraquecimento da perna ou até mesmo a perda do controle sobre intestinos ou bexiga. Mas nada disso aconteceu durante o estudo de dois anos de duração, com quase 2.000 pacientes.
A pesquisa não incluiu pessoas que apenas apresentavam dor lombar, que pode ter muitas causas. Também não inclui portadores de condições que exigiriam cirurgias imediatas, tais como a perda do controle sobre intestinos ou bexiga.
O estudo envolveu 13 clínicas em 11 Estados americanos. Todos os participantes sofriam dores resultantes de hérnias de disco e dores nas pernas. Aqueles que não fizeram a cirurgia geralmente receberam fisioterapia, aconselhamento e drogas antiinflamatórias.
Embora os resultados respondam a uma pergunta -a segurança da opção de aguardar- , em certo sentido foram decepcionantes, disse David R. Flum, editor do "The Journal of the American Medical Association" e professor na Universidade de Washington. "Todo mundo esperava que o estudo demonstrasse qual opção é melhor", afirmou. "E todo mundo se surpreendeu diante do número enorme de mudanças de opção nos dois sentidos", disse, referindo-se ao grande número de pacientes que trocou de opção: de cirurgia para aguardar e vice-versa. Para Weinstein, a mensagem final é que, independentemente do tratamento, "ninguém piorou". "E isso é algo que não sabíamos."


Tradução de CLARA ALLAIN

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