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Policiais ocupam a fortaleza do tráfico
Traficantes fugiram a pé ou de moto da favela, na zona norte, para o vizinho Complexo do Alemão
"A comunidade [da Vila Cruzeiro] hoje pertence ao Estado", anunciou delegado, ao final da operação de ontem
Marcos Michael/EFE
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Policiais entram em blindado na Vila Cruzeiro, no Rio
DO RIO
Uma operação conjunta
do Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais), das
polícias Militar e Civil, que
contou ainda com o inédito
apoio logístico da Marinha,
expulsou ontem o tráfico da
Vila Cruzeiro (zona norte), favela considerada a principal
fortaleza do crime no Rio.
"A comunidade [da Vila
Cruzeiro] hoje pertence ao
Estado", anunciou ao fim das
operações o delegado Rodrigo Oliveira, subchefe operacional da Polícia Civil.
Não havia informações sobre mortos nessa operação
até o fechamento desta edição. Em outras ações ontem,
houve 9 mortes em Jacarezinho e 2 em Rocha Miranda,
totalizando 38 mortos no Estado desde domingo.
A ação, transmitida passo
a passo ao vivo pelas TVs por
meio de helicópteros, teve toques cinematográficos e foi o
momento de maior tensão do
quinto dia da onda de ataques criminosos no Rio.
Veículos blindados cedidos pela Marinha -dez no total, sendo seis do modelo
americano M113, que foi usado na Guerra do Iraque-
avançaram por ruas fechadas até chegarem à favela.
Sob aplausos de moradores, os veículos -cada um
conduzido por dois fuzileiros
navais e tripulado por homens do Bope- entraram na
Vila Cruzeiro por volta de
12h30. Às 17h, foi decretada a
"vitória", com a debandada
dos traficantes para o vizinho
Complexo do Alemão.
A operação na Vila Cruzeiro não impediu novas ações
criminosas -pelo contrário.
Depois da entrada dos policiais na favela, ao menos 23
novos veículos foram queimados em diversas partes da
cidade e da região metropolitana. No dia inteiro, foram
37; desde domingo, são 80.
Por volta das 20h, bandidos atearam fogo a um ônibus na av. Presidente Vargas
(principal ligação entre a zona norte e o centro), a 600 m
da sede da Secretaria de Segurança, onde o secretário
José Mariano Beltrame dava
uma entrevista coletiva.
A operação da polícia contou com cerca de 450 policiais, sendo pelo menos 200
homens do Bope, 40 do 16º
BPM e 60 da Polícia Civil.
Sessenta fuzileiros navais foram postos à disposição.
"É isso aí, vamos botar ordem na casa", gritaram moradores no momento da ocupação policial.
Os bandidos tentaram retardar ao máximo a entrada
da polícia na favela, incendiando um caminhão da loja
Casas Bahia e usando blocos
de concreto como barricada.
Os obstáculos não detiveram os blindados, à exceção
de um, que parou por "problemas mecânicos" -embora tenha levado oito tiros.
FUGA
Com o avanço da polícia,
os criminosos começaram a
fugir para o vizinho Complexo do Alemão. Pelas imagens
feitas dos helicópteros, foi
possível acompanhar mais
de cem homens, armados
com fuzis, fugindo numa picape, em motos e a pé.
As câmeras flagraram ainda os bandidos numa longa
fila subindo um morro.
Também foram filmados
moradores da favela às janelas das casas com panos
brancos, num pedido de paz.
O Alemão foi palco, em 27
de junho de 2007, de megaoperação policial com 1.350
agentes. Houve 19 mortos.
(RODRIGO RÖTZSCH, LUIZA SOUTO e FELIPE CARUSO)
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