São Paulo, terça-feira, 26 de dezembro de 2006

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Anac fiscaliza venda de bilhetes do Réveillon

Agência também irá fazer uma auditoria na TAM para saber se a companhia vendeu passagens além de sua capacidade

Situação nos aeroportos foi tranqüila ontem; 13,4% dos vôos registraram atraso de mais de uma hora, mas total de cancelamentos foi maior

ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Temendo que o caos que tomou conta dos aeroportos de todo o país se repita às vésperas do Ano Novo, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) inicia hoje uma fiscalização no sistema de reserva de todas as companhias aéreas. O principal alvo são os bilhetes marcados para viagens para o feriado.
As equipes técnicas da agência serão deslocadas para São Paulo, onde também começa hoje uma auditoria nos sistemas operacionais da TAM.
A empresa terá de explicar por que precisou de 17 aeronaves extras para transportar passageiros nos últimos três dias. A companhia aérea alegou que tinha seis aviões em manutenção, daí o desequilíbrio entre as passagens vendidas e sua efetiva capacidade operacional.
Para a Anac, as contas entre o estoque de reservas e os embarques efetuados pela empresa não batem, e a TAM deverá apresentar uma justificativa para o fato de, em alguns casos, haver 25 passageiros presentes no check-in mas não embarcados em um mesmo vôo.
Foi o que aconteceu anteontem quando a TAM utilizou um serviço de ônibus para transportar passageiros de Brasília para Goiânia. Via aérea, o trajeto, de 250 km, demoraria 50 minutos. Na estrada, foram necessárias cerca de três horas para percorrer a distância.
Embora seja responsável por fiscalizar as atividades de aviação civil, não faz parte das atribuições da Anac, ligada ao Ministério da Defesa, inspecionar a venda de passagens.

Atrasos
Ontem, os atrasos comprometeram 13,4% dos vôos nos 14 principais aeroportos do país. Conforme o boletim 68 da Anac, entre 0h e 17h, também foram cancelados 237 dos 1.265 vôos previstos (18,7%). Segundo a agência, os cancelamentos ocorreram por "reorganização da malha aérea e readequação dos horários de vôos".
Na véspera de Natal, no entanto, o atraso foi maior. Segundo o boletim 66 da Anac, da 0h às 17h do dia 24, 424 vôos (41,44%), de um total de 1.023, saíram com pelo menos uma hora de atraso. Outros 106 vôos -10,3% do total- foram cancelados no mesmo período.
Aeronaves para transportar passageiros da TAM foram cedidas pela FAB (Força Aérea Brasileira) e pelas empresas Varig, Ocean Air, Rico e Total. Segundo informou a assessoria da Anac, ontem a TAM ainda continuava a utilizar um Boeing 707 da FAB para cumprir seu estoque de reservas, que foi suspenso desde a última sexta-feira, por ordem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Conforme a Anac, de sexta até ontem a FAB "realizou 15 vôos de embarque de 1.676 passageiros da TAM".
Ao determinar que a FAB disponibilizasse aviões para transportar passageiros que estavam em filas de espera nos aeroportos, o presidente disse que a Anac irá colocar pessoas especializadas em cada um dos embarques do país para informar, com precisão, as razões pelas quais os embarques são retardados ou cancelados.
A fiscalização na central de reservas das empresas aéreas será feita hoje a partir de São Paulo, onde esse serviço é centralizado. A exceção é a central da Varig, que opera no Rio.
Esse tipo de acompanhamento já vem sendo feito na TAM desde a última sexta-feira. No mesmo dia, a Anac proibiu a empresa de vender bilhetes até que a situação se normalize. A venda de passagens além da capacidade das aeronaves foi, segundo a Anac, um dos motivos do caos vivido nos principais aeroportos do país nos últimos dias.


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