ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

"Pode parecer piada, mas já fiz o oposto do que faço hoje", conta o Papai Noel, acomodado em sua poltrona no shopping Paulista, entre uma e outra foto tirada com crianças e adultos.
No papel de bom velhinho desde o dia 17 de novembro, com folgas aos domingos, Geraldo Luiz Carvalho Pacheco, 65, oficial de Justiça aposentado que já cumpriu ordens de despejo, reintegração de posse e busca e apreensão de veículos, usou o dia de Natal, ontem, para descansar da maratona vivida na quarta, 24, quando trabalhou das 14h às 18h no shopping, fez quatro entregas de presentes em casas de Alphaville, Aclimação e Morumbi num táxi e ainda teve fôlego para animar a festa da família, no fim do dia.
Passou a tarde de ontem em casa, na Lapa (zona oeste), vestindo bermuda, camisa e sandália. Até as 16h, não havia almoçado. "O almoço hoje vai ser normal. Peru foi só ontem, na ceia", explica a mulher, Conceição Pacheco, 62. "Sou Mamãe Noel durante 365 dias por ano", brinca.
"A árvore é a mesma há 35 anos. Comprei na Mesbla para o nosso primeiro Natal em família", diz seu Geraldo.
Com uma barba grisalha -e verdadeira- que cultiva por todo o ano, começou a incorporar o personagem há cinco anos. Está há dois trabalhando em shoppings.
No ano passado, uma moça se aproximou e pediu para ser aprovada no doutorado. "Dias depois, ela voltou feliz, beijou minhas mãos e agradeceu", lembra, com os olhos cheios de lágrimas.


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