|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Detentos do Cadeião 3 de Pinheiros tinham cinco pistolas e uma granada e contaram com ajuda externa; há 6 feridos
Preso morre durante uma tentativa de fuga
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com cinco pistolas semi-automáticas e uma granada, que entraram na cadeia em situações
ainda não-esclarecidas, presos do
Cadeião 3 de Pinheiros, na zona
oeste de São Paulo, tentaram uma
fuga em massa às 5h de ontem.
Um detento morreu no tiroteio e
seis ficaram feridos. Ninguém
conseguiu fugir.
O diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), Antônio Chaves Martins
Fontes, admitiu que as armas podem ter entrado na unidade pela
"omissão" de funcionários ou por
"policiais que se debandaram para o lado de bandidos".
Ele também disse que advogados e familiares de presos podem
estar envolvidos e chegou a falar
que armas podem entrar na cadeia por meio de pipas, apesar de
reconhecer que não há nenhum
registro desse tipo. "Estou dizendo que tudo é possível."
Segundo a polícia, os presos
contaram com ajuda externa. Pelo menos dois homens do lado de
fora teriam atirado nos guardas
de muralha logo depois que um
foguete estourou próximo do telhado da unidade superlotada
-com capacidade para 512 presos, abriga 1.100.
No momento em que os guardas respondiam aos tiros, a multidão de presos rompia quatro grades de segurança, chegando ao
portão de entrada da cadeia. Três
policiais que estavam na entrada
principal conseguiram evitar a fuga até a chegada de reforço, segundo Martins Fontes.
A rebelião foi controlada às
8h15. Uma granada jogada pelos
detentos não explodiu. As pistolas
foram abandonadas com a invasão da polícia. O preso Marcelo
Candin da Silva, 26, foi atingido
por um tiro, segundo a polícia, e
morreu. Outros seis detentos foram levados para o hospital.
A polícia não soube dizer se os
tiros que atingiram os presos foram disparados por policiais ou
pelos próprios detentos. Um inquérito vai apurar o caso.
O supervisor do GOE (Grupo de
Operações Especiais), da Polícia
Civil, Clóvis Ferreira de Araújo,
acredita que a fuga tenha sido organizada para beneficiar dois traficantes que estão entre os feridos
-Edson Rodrigues dos Santos,
22, e Fernando Canela, 25.
"São os mais conhecidos, com
mais tempo de prisão e os que poderiam motivar uma ação como
essa", afirmou Araújo.
O diretor do Decap também criticou a falta de segurança do Cadeião 3. "[O prédio] está ultrapassado desde que foi inaugurado",
disse. A unidade foi inaugurada
em 1994. Segundo o diretor, o prédio vai passar por uma reforma
daqui a três meses.
Texto Anterior: Vagas foram abertas após expulsão de policiais Próximo Texto: Justiça: Estados criticam federalização de crimes contra direitos humanos Índice
|