São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2004

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SEGURANÇA

Detentos do Cadeião 3 de Pinheiros tinham cinco pistolas e uma granada e contaram com ajuda externa; há 6 feridos

Preso morre durante uma tentativa de fuga

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com cinco pistolas semi-automáticas e uma granada, que entraram na cadeia em situações ainda não-esclarecidas, presos do Cadeião 3 de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, tentaram uma fuga em massa às 5h de ontem. Um detento morreu no tiroteio e seis ficaram feridos. Ninguém conseguiu fugir.
O diretor do Decap (Departamento de Polícia Judiciária da Capital), Antônio Chaves Martins Fontes, admitiu que as armas podem ter entrado na unidade pela "omissão" de funcionários ou por "policiais que se debandaram para o lado de bandidos".
Ele também disse que advogados e familiares de presos podem estar envolvidos e chegou a falar que armas podem entrar na cadeia por meio de pipas, apesar de reconhecer que não há nenhum registro desse tipo. "Estou dizendo que tudo é possível."
Segundo a polícia, os presos contaram com ajuda externa. Pelo menos dois homens do lado de fora teriam atirado nos guardas de muralha logo depois que um foguete estourou próximo do telhado da unidade superlotada -com capacidade para 512 presos, abriga 1.100.
No momento em que os guardas respondiam aos tiros, a multidão de presos rompia quatro grades de segurança, chegando ao portão de entrada da cadeia. Três policiais que estavam na entrada principal conseguiram evitar a fuga até a chegada de reforço, segundo Martins Fontes.
A rebelião foi controlada às 8h15. Uma granada jogada pelos detentos não explodiu. As pistolas foram abandonadas com a invasão da polícia. O preso Marcelo Candin da Silva, 26, foi atingido por um tiro, segundo a polícia, e morreu. Outros seis detentos foram levados para o hospital.
A polícia não soube dizer se os tiros que atingiram os presos foram disparados por policiais ou pelos próprios detentos. Um inquérito vai apurar o caso.
O supervisor do GOE (Grupo de Operações Especiais), da Polícia Civil, Clóvis Ferreira de Araújo, acredita que a fuga tenha sido organizada para beneficiar dois traficantes que estão entre os feridos -Edson Rodrigues dos Santos, 22, e Fernando Canela, 25.
"São os mais conhecidos, com mais tempo de prisão e os que poderiam motivar uma ação como essa", afirmou Araújo.
O diretor do Decap também criticou a falta de segurança do Cadeião 3. "[O prédio] está ultrapassado desde que foi inaugurado", disse. A unidade foi inaugurada em 1994. Segundo o diretor, o prédio vai passar por uma reforma daqui a três meses.


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