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Sabesp volta a fazer distribuição de água imprópria no litoral
Testes de potabilidade divulgados pela empresa indicam presença de coliformes fecais principalmente na região da Baixada Santista
Entre as doenças que podem ser contraídas com a ingestão estão a febre tifóide, diarréia, verminoses e também a hepatite A
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Com o início da temporada, a
Sabesp voltou a distribuir água
imprópria para consumo no litoral de São Paulo, principalmente na Baixada Santista, região que atrai o maior número
de turistas no Estado nesta
época do ano. É o que mostram
teste de potabilidade divulgados pela empresa em seu site.
O problema -que diminui no
inverno em razão do baixo volume de chuvas, que carregam
poluentes para os mananciais-
recomeçou em setembro e continuou no meses seguintes. Os
dados de dezembro ainda não
estão tabulados pela empresa.
Em novembro, havia coliformes fecais (bactérias presentes
no esgoto) acima do permitido
pela legislação federal em Bertioga, Cubatão, Guarujá, Peruíbe e Praia Grande (cidade de
maior fluxo de turismo de São
Paulo, com exceção da capital).
No mês anterior, a água já havia sido reprovada em razão
dos coliformes em excesso nos
testes feitos em Bertioga, Caraguatatuba, Cubatão, Guarujá,
Mongaguá e São Vicente.
Em abril do ano passado, a
Folha mostrou em reportagem
que a água que chegava às torneiras na Baixada Santista estava imprópria na maior parte do
ano. Em 11 dos 12 meses, até
abril passado, a água estava imprópria em Bertioga, cidade
mais afetada.
Após a reportagem, o juiz Daniel Carnio Costa concedeu liminar, após representação da
ONG Princípios, em que condenou a Sabesp a recolher multa de R$ 100 mil por dia até que
corrigisse a situação no Guarujá. Porém, em setembro já havia excesso de coliformes.
Apesar disso, em 12 de novembro a Sabesp enviou à Justiça um ofício, assinado pelo
químico Marco Antonio Silva
de Oliveira, em que afirma não
ter sido constatada desde maio
a presença de nenhuma "substância nociva à saúde" na água
que ensejasse a necessidade de
alertar a população.
A legislação só permite que
haja os chamados coliformes
totais (oriundos de matéria orgânica) em no máximo 5% das
amostras analisadas. Em relação aos coliformes termotolerantes, que aponta que houve o
contato da água com o esgoto, a
restrição é total (0%).
A presença de coliformes termotolerantes (resistentes ao
calor), como ocorreu ao final de
2006 em São Vicente, Guarujá,
Bertioga, Cubatão, Praia Grande e Peruíbe, é a falha mais grave no tratamento da água, segundo especialistas.
O professor de engenharia
ambiental da Unesp de Sorocaba André Henrique Rosa, 35,
diz que, mesmo fervida, a água
com coliformes termotolerantes pode continuar imprópria.
É preciso, disse, colocar hipoclorito de sódio para corrigir a
contaminação da água.
Se o consumidor tem suspeita desse tipo de impureza, o recomendável é, além de ferver,
aplicar o hipoclorito de sódio.
"É um procedimento muito comum na purificação da água de
piscina", disse. "O principal
problema é a questão do gosto,
né? O paladar que modifica um
pouco. Mas não tenho conhecimento de estudos que comprovem que a presença do cloro seja prejudicial", afirmou.
Entre as doenças que a pessoa pode contrair com a ingestão de água contaminada estão
a febre tifóide, diarréia, verminoses e também a hepatite A.
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