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Governo decide ressuscitar cartão do SUS
Decisão é tomada uma década após o lançamento da primeira tentativa fracassada de usar o cartão magnético na Saúde
Objetivos são aumentar o controle de gastos e melhorar o atendimento; R$ 419 milhões já foram gastos no projeto desde 1999
MARTA SALOMON
LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Ministério da Saúde vai
ressuscitar o Cartão Nacional
de Saúde. A decisão é tomada
uma década depois do lançamento da primeira tentativa
fracassada de aumentar o controle de gastos e melhorar o
atendimento ao usuário do Sistema Único de Saúde por meio
de um cartão magnético.
Como resultado dos R$ 419
milhões já gastos desde 1999,
segundo dados do governo, o
ministério afirma dispor do
que seria o maior cadastro de
pessoas físicas do país.
Em suas bases, o cadastro do
Cartão Nacional de Saúde reúne hoje registros considerados
"definitivos", já checados, de
93,1 milhões de brasileiros. O
país tem 192 milhões de habitantes, segundo o IBGE.
O Ministério da Saúde reconheceu o fracasso do projeto-piloto do Cartão Nacional de
Saúde em 2008. Com base em
estudo encomendado à Fundação Getúlio Vargas, o ministério resolveu "redesenhar" o
projeto original, lançado ainda
na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
A lei orçamentária de 2010
autoriza gastos de R$ 48,2 milhões para manter o cadastro e
promover a nova tentativa de
lançamento do Cartão Nacional de Saúde. Esse valor corresponde a mais do dobro do dinheiro gasto no ano passado.
Em dezembro, o ministério
promoveu pregão para a compra de um novo programa para
a criação do prontuário eletrônico dos usuários do SUS.
"Esse software será instalado
inicialmente nos seis hospitais
federais do Rio de Janeiro", informou o ministério, sobre o
lançamento do novo cartão.
O negócio, de R$ 58,5 milhões, aguarda palavra final do
Tribunal de Contas da União,
que analisa recurso à escolha da
empresa brasiliense Humano
Tecnologia da Informação.
No ano passado, a empresa
Lenovo Tecnologia já recebeu
R$ 15,2 milhões para a compra
de servidores de informação e
microcomputadores destinados ao lançamento do novo "piloto" do programa, no Rio.
O trabalho encomendado pelo ministério à FGV estima em
mais de R$ 1 bilhão por ano a
economia que o cartão poderá
proporcionar, por meio do
maior controle de gastos.
A fragilidade no controle de
gastos do sistema, associada ao
mau atendimento da população, é apontada em levantamento feito pelo TCU, a que a
Folha teve acesso. Aprovado
em dezembro, o relatório não
tomou conhecimento do novo
negócio em curso no governo.
O tribunal chamou a atenção
para o custo elevado do Cartão
Nacional de Saúde mesmo depois da desativação, em 2003,
do projeto-piloto desenvolvido
em 44 municípios, a maioria
deles do Paraná. Nos dois anos
seguintes, os gastos bateram
recordes sucessivos.
O Ministério da Saúde informou que promove, desde 2003,
processo de adequação tecnológica do projeto contratado
das empresas Hypercom e Procomp em 1999. As duas empresas tiveram bloqueadas apenas
as últimas parcelas do pagamento, de R$ 7,2 milhões e R$
4,4 milhões, respectivamente.
O cadastramento de usuários
não foi interrompido.
Ainda de acordo com o ministério, a primeira tentativa de
lançamento do cartão do SUS
enfrentou problemas operacionais, de segurança, de arquivamento e de atualização de dados e de garantia "dos aspectos
éticos" vinculados à guarda e
divulgação de informações dos
usuários do sistema. Também
houve problema na emissão e
distribuição dos cartões.
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