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OPINIÃO
Obesidade infanto-juvenil
CLÓVIS FRANCISCO CONSTANTINO
FABIO ANCONA LOPEZ
A prevalência da obesidade cresce em todo o mundo e preocupa
cada vez mais os médicos. Mesmo
em países pobres, onde a desnutrição é uma tradição endêmica, esse
mal se manifesta como sério problema de saúde. Na Inglaterra, o
governo pretende reduzir a obesidade entre homens e mulheres em
25% e 33% respectivamente até
2005. Nos Estados Unidos, a meta é
diminuir em 23% o número de
pessoas obesas nos próximos dois
anos, de acordo com o projeto
Healthy People 2000. Entretanto,
em meados da década que se encerra, houve um aumento de 30%
na parcela da população obesa.
Essa tendência aponta para a necessidade imperiosa de combate e
controle da obesidade desde a infância e adolescência. Em geral, o
aumento da obesidade infanto-juvenil é agravado pela forma de tratamento equivocada adotada em
muitos casos, tratando-a com esquemas semelhantes aos dos adultos, ao invés de esperar que o crescimento da criança leve a uma adequação do seu peso com relação à
altura. As repercussões que o excesso de peso acarreta a médio e
longo prazos na saúde são, entre
outras, aumento do colesterol, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, diabetes, alterações
dermatológicas e complicações ortopédicas e da função pulmonar.
A obesidade é um distúrbio do
metabolismo energético, em que
ocorre armazenamento excessivo
de energia sob a forma de gordura
no tecido subcutâneo. Como beira
o caráter de epidemia, trata-se
mais de um problema de saúde pública do que estético. O Brasil, que
não superou um problema de Terceiro Mundo, a desnutrição infantil, absorveu este das nações ricas
-a obesidade. Pesquisa realizada
na cidade de São Paulo mostra que,
entre jovens de 10 a 12 anos, uma
média de 25% têm excesso de peso.
O melhor caminho para não se
tornar obeso é a prevenção, começando pelo aleitamento materno e
mantendo uma alimentação controlada durante toda a vida. Entretanto, estabelecida a obesidade, o
tratamento requer uma abordagem multidisciplinar, clínica, psicológica, nutricional e de educação
física. Na criança, o uso de qualquer medicamento traz riscos.
É necessário educar. A obesidade
é um fator de risco não apenas para
a mortalidade prematura, como
para condições crônicas que levam
à incapacidade e perda de produtividade e comprometimento da
qualidade de vida e do funcionamento desta e de futuras gerações.
Clóvis Francisco Constantino, 50, é coordenador do Curso de Ética e Bioética do Conjunto
Hospitalar do Mandaqui e presidente da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP).
Fabio Ancona Lopez, 59, é professor titular de
Nutrição do Departamento de Pediatria da Unifesp/EPM e vice-presidente da SPSP.
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