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Marquise desaba em Copacabana e mata 2
Acidente ocorreu no Grande Hotel Canadá; pedestre de 80 anos e acompanhante foram atingidas e morreram no local
PMs afastaram as pessoas que tentavam ajudar com violência, lançando gás de pimenta. "Os curiosos só sairiam assim", disse policial
SÉRGIO RANGEL
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Duas mulheres morreram e
ao menos outras nove pessoas
ficaram feridas ontem atingidas pela queda da marquise de
um hotel, em Copacabana (zona sul do Rio). Nenhum dos feridos corre risco de morte.
A pedestre Maria Isabel Noronha de Souza Cardoso, 80, e
sua acompanhante, identificada como Simone, morreram.
O desabamento da marquise
do Grande Hotel Canadá, na
avenida Nossa Senhora de Copacabana, a mais movimentada
do bairro, ocorreu pouco depois das 11h. A fachada do hotel
passa desde setembro por reforma -no fim de semana os
andaimes foram retirados.
O advogado do hotel, Ely Machado, afirmou que os operários usavam a marquise para
subir nos andaimes. A Secretaria Municipal de Urbanismo
disse que não existe pedido de
licença para obras na marquise.
À noite, o presidente do Crea
(Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia), Reynaldo Barros, afirmou
que havia sobrepeso na estrutura, causado por entulhos e
por uma impermeabilização
feita com material de má qualidade. Segundo ele, também havia ferrugem na estrutura.
O Crea disse que a obra estava registrada no órgão e que o
engenheiro Valdemiro de Freitas, responsável pela reforma,
era vinculado ao conselho.
Segundo testemunhas, quatro pessoas trabalhavam na
marquise, que tinha três metros de altura -um deles se
pendurou numa janela e não se
machucou. Bombeiros estimam que a armação pesava
duas toneladas.
O desabamento levou o caos
ao bairro. Dezenas de pessoas
que passavam pela avenida corriam apavoradas, enquanto um
grupo tentava ajudar os feridos
-os três operários, uma turista
e pedestres. O trânsito parou.
Policias militares afastaram
a multidão com violência. Lançaram gás de pimenta nas pessoas. "Não tinha como fazer outra coisa. Os curiosos só sairiam
assim", disse o subcomandante
do 19º Batalhão de Polícia Militar, identificado como Eraldo.
"Faltou preparo à polícia para atuar numa situação desta.
Jogar pimenta nas pessoas que
queriam ajudar, não dá", disse o
universitário Leandro Arent.
A queda da marquise também fechou as portas do hotel.
Hóspedes e funcionários ficaram três horas confinados.
Alguns turistas deixaram o
edifício nervosos. "Foi aterrorizante. Você se sente impotente
diante de uma tragédia desta",
disse o funcionário público
Marcos Lima, 39, que perdeu o
avião para Brasília.
O hotel tem classificação três
estrelas -R$ 150 de diária. As
vagas para o próximo fim de semana estão esgotadas.
O Instituto de Criminalística
Carlos Éboli fará uma perícia
para apontar em 15 dias as causas da queda. A polícia abriu inquérito, e a Secretaria Municipal de Urbanismo disse que
aguardará o resultado para determinar penalidades.
Outro lado
Machado, o advogado do hotel, disse não saber precisar o
motivo do desabamento, mas
não descartou a possibilidade
de a reforma ter abalado a estrutura. "Vamos investigar se,
na obra, foi feito algo que sobrecarregou a marquise. Se isso
ocorreu, vamos chamar os engenheiros à responsabilidade."
O advogado disse que a administração desconhecia problemas na marquise. Afirmou que
o hotel poderá pagar indenizações às famílias, pois o seguro
cobre acidentes como esse.
A Folha tentou falar com o
representante da Art Plac, responsável pela reforma, mas um
funcionário informou que o diretor não estava. Especializada
em coberturas e revestimentos
de fachadas, a Art Plac não foi
identificada pelo presidente do
Sindicato Nacional da Indústria de Construção Pesada,
Luiz Fernando Reis.
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