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Câmara Municipal aprova pacote de benesses para TCM
Projeto cria 28 novos cargos de confiança no órgão e autoriza pagamento de supersalários
Tribunal de Contas do Município chegará a 666 cargos, uma média de 128 funcionários para cada um dos cinco conselheiros
ROGÉRIO PAGNAN
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sete anos depois de ter sua
existência questionada pela
Câmara Municipal de São Paulo, o TCM (Tribunal de Contas
do Município) conseguiu ontem, da própria Câmara, a autorização para ampliar seu quadro de funcionários sem concurso e, ainda, a voltar com o
pagamento de supersalários.
Por 29 votos contra seis, a
Câmara aprovou o projeto de
lei que autoriza a criação de 28
novos cargos de confiança, com
salário-base de até R$ 8.500,
que se juntarão aos 124 atuais
(total 152). Somados aos 514
concursados, o tribunal chegará a 666 cargos, uma média de
128 funcionários para cada um
dos cinco conselheiros.
Ainda pela legislação aprovada, todos esses funcionários
passarão a ter direito de acumular gratificações em seus salários, que poderão -outra mudança aprovada ontem- ultrapassar até o teto constitucional,
que são os R$ 9.636 do salário
do prefeito municipal.
Além disso, a aprovação é retroativa a 6 de junho do ano
passado, data em que o TCM
protocolou o pedido na Câmara, o que significa que as gratificações "atrasadas" podem ser
pagas -não há estudos que
apontem o impacto financeiro.
Em 2001, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito)
sugeriu a extinção do TCM
após encontrar uma série de irregularidades: supersalários,
nepotismo, falta de transparência com gastos nebulosos.
Na avaliação dos vereadores,
o trabalho desempenhado pelo
tribunal não justificava o alto
custo para sua manutenção: o
Orçamento de 2008 é previsto
em R$ 149,1 milhões.
Uma das conseqüências da
CPI foi a aprovação, em 2004,
de uma reforma administrativa. A incorporação de gratificações a cada cinco anos de trabalho, mesmo que ininterruptos,
por exemplo, foi extinta na época. Ontem, a Câmara decidiu liberar tudo novamente.
O parlamentar Antonio Goulart (PMDB), um dos principais
defensores do projeto e aliado
do ex-presidente do tribunal
Antonio Carlos Caruso, disse
que a aprovação corrige uma
injustiça, já que no ano passado
os vereadores aprovaram benefícios semelhantes à Câmara.
Sobre o fim do teto, disse: "Se
for inconstitucional, qualquer
pessoa derruba. Não é inconstitucional, tanto é que houve várias tentativas de derrubar o
que foi aprovado no município,
na Câmara, e ninguém conseguirá porque é constitucional".
Agora, o projeto segue para a
sanção do prefeito Gilberto
Kassab (DEM), que tem 15 dias
úteis para se manifestar. Kassab, candidato à reeleição, não
tem a intenção de se indispor
com o tribunal, que analisa
contas e julga contratos e licitações do Executivo.
A aprovação do projeto foi
acertada em uma reunião secreta dos líderes partidários
anteontem à noite na sala do
presidente da Câmara, Antonio
Carlos Rodrigues (PR).
O PT era o único partido que
resistia ao projeto, mas, ontem,
a maioria de seus vereadores
votou a favor. O líder do partido, Francisco Chagas, não quis
falar com os repórteres.
O petista não foi, porém, o
único a evitar os repórteres. O
presidente da Câmara e o líder
do governo, José Police Neto
(PSDB), o Netinho, também
evitaram os repórteres após a
votação. Em um fato raro, apenas a vereadora Soninha Francine (PPS), que votou contra,
utilizou o microfone para comentar o projeto durante a votação. Ninguém fez defesa.
Também votaram contra o
projeto Arselino Tatto (PT), os
tucanos Carlos Bezerra e Sebastião Farias, Roberto Trípoli
(PV) e Toninho Paiva (PR).
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