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Para Serra e Kassab, ação na cracolândia não teve coordenação
Operação no centro deteve 300 viciados que, sem atendimento, voltaram às ruas
EVANDRO SPINELLI
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Anteontem, ação pirotécnica. Ontem, descoordenação.
Assim, as gestões do governador José Serra (PSDB) e do prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab (DEM), afinaram o discurso para tentar minimizar a
crise iniciada após operação da
Polícia Civil na cracolândia.
Na ação, cerca de 300 viciados foram detidos, escoltados e,
sem atendimento, voltaram ao
consumo de drogas nas ruas.
A ação ocorreu anteontem à
tarde e foi acompanhada por
repórteres após divulgação da
Secretaria da Segurança. Mas a
prefeitura, desinformada, não
mobilizou seus agentes de saúde para atender aos usuários de
droga -33 pessoas foram presas suspeitas de tráfico.
O secretário municipal da
Saúde, Januário Montone,
classificou a ação anteontem,
por meio de nota, de "espetáculo pirotécnico". Montone é homem de confiança de Serra,
com quem trabalhou no Ministério da Saúde, e permanece na
prefeitura com o aval do governador. A nota foi divulgada sem
o conhecimento de Kassab.
Ontem, lado a lado, Kassab e
Montone minimizaram o caso,
tentaram explicar o contexto
das declarações, elogiaram a
polícia e admitiram apenas que
houve falta de coordenação.
Para Kassab, que disse não
ter visto pirotecnia na operação, "houve uma falta de integração total". Mas o secretário
não negou que tenha criticado a
pirotecnia da operação.
"O fato de um conjunto grande de usuários ter sido colocado
naquela área [uma base da
Guarda Civil], que inclusive é
gradeada, gerou uma imagem
absolutamente negativa e foi a
isso que me referi quando disse
espetáculo pirotécnico. Não à
ação policial, mas à situação
criada com aqueles usuários."
Kassab tentou negar o que o
próprio secretário confirmou.
"O que ele quis dizer é que é importante que as pessoas entendam que não sejam ações de pirotecnia, que sejam ações integradas, que melhoram o resultado da ação", disse o prefeito.
Serra, em visita à Baixada
Santista ontem, repetiu o discurso. "Ontem [anteontem],
houve uma ação, que prendeu
traficantes, e ocorreu uma descoordenação entre a ação da
polícia e a prefeitura no que se
refere aos drogados. Não aos
traficantes, que foram presos, a
partir de uma investigação feita
durante semanas", disse.
Kassab disse que conversou
pela manhã, por telefone, com
os secretários de Estado Aloysio Nunes Ferreira Filho (Casa
Civil) e Antonio Ferreira Pinto
(Segurança) sobre o caso. À tarde, após reunião, a Secretaria
Municipal da Saúde e a Secretaria da Segurança divulgaram
nota afirmando que o objetivo
do encontro foi "evitar que
ocorram mais ações isoladas".
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