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Casos de dengue mais que dobram no país neste ano
Registros até 13 de fevereiro atingem 108.640, ou 109% a mais que em igual período de 2009; ao menos 21 pessoas já morreram
71% dos casos se concentram em 5 Estados; para governo, piora se deve a 3 fatores: calor, mais chuvas e retomada da circulação do vírus tipo 1
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de casos de dengue
registrados no país de janeiro
até 13 de fevereiro deste ano
cresceu 109% em relação a igual
período de 2009, passando de
51.873 para 108.640.
Segundo dados preliminares,
pelo menos 21 pessoas já morreram por causa da doença.
A maior parte dos casos (71%)
se concentra em cinco Estados:
AC, GO, MT, MS e RO. Nesses
locais, a incidência é considerada alta, com mais de 300 casos
por 100 mil habitantes. Eles
também se enquadram na definição de epidemia, que ocorre
quando há um aumento considerável e inesperado de casos.
A situação mais grave é a de
cinco municípios, que têm, ao
todo, um terço dos registros de
dengue deste ano. São eles Aparecida de Goiás, Campo Grande
(MS), Goiânia, Porto Velho
(RO) e Rio Branco (AC). No final do ano passado, o Ministério
da Saúde já havia divulgado que
quatro deles tinham risco de aumento de casos da doença,
constatação feita a partir de levantamento que encontrou larvas do mosquito transmissor
em quantidade preocupante.
O coordenador do Programa
Nacional de Controle da Dengue da pasta, Giovanini Coelho,
evita dizer se houve negligência
por parte de prefeitos. "Não saberia avaliar se houve má gestão. A dengue é uma doença
complexa, que envolve também
o sorotipo do vírus e a participação da população. É difícil estabelecer uma causa."
Ainda segundo ele, todo o
país está sujeito a ver um crescimento do número de casos ao
longo do ano, por isso é preciso
manter e intensificar as medidas de prevenção.
Três unidades da Federação
preocupam em especial por terem um significativo crescimento na quantidade de registros, embora ainda não tenham
alta incidência: DF, MG e SP.
O ministério também enviou
alertas aos Estados do Nordeste, já que o ciclo de transmissão
na região começa em março.
Segundo Coelho, a piora na
situação da dengue no país se
deve principalmente a três fatores: mais chuvas; aumento da
temperatura; e retomada da circulação do vírus tipo 1, contra o
qual boa parte da população não
tinha imunidade.
Existem quatro variações diferentes do vírus da dengue.
Quando algum deles volta a circular com força, acaba atingindo mais pessoas. No caso do tipo 1, ele circulou mais no final
dos anos 1980 e no começo dos
90. Quem nasceu depois dessa
época não tem resistência a ele
e ficou mais vulnerável.
Além disso, deficiências da
estrutura urbana também pioram a situação. "Temos ainda
uma dívida importante de saneamento que obriga as pessoas
a armazenarem água em casa",
reconhece o representante do
Ministério da Saúde.
Em SP, segundo Coelho, a
chegada do tipo 1 é favorecida
pela circulação de pessoas entre
o Estado e MS.
A taxa de incidência paulista
ainda é considerada baixa, com
7,1 casos por 100 mil habitantes.
No entanto, o número de casos
já aumentou mais de seis vezes
neste ano. As cidades com a situação mais preocupante são:
Araçatuba, Ituverava, Ribeirão
Grande e São José do Barreiro.
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