São Paulo, sábado, 27 de fevereiro de 2010

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Casos de dengue mais que dobram no país neste ano

Registros até 13 de fevereiro atingem 108.640, ou 109% a mais que em igual período de 2009; ao menos 21 pessoas já morreram

71% dos casos se concentram em 5 Estados; para governo, piora se deve a 3 fatores: calor, mais chuvas e retomada da circulação do vírus tipo 1

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O número de casos de dengue registrados no país de janeiro até 13 de fevereiro deste ano cresceu 109% em relação a igual período de 2009, passando de 51.873 para 108.640.
Segundo dados preliminares, pelo menos 21 pessoas já morreram por causa da doença.
A maior parte dos casos (71%) se concentra em cinco Estados: AC, GO, MT, MS e RO. Nesses locais, a incidência é considerada alta, com mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Eles também se enquadram na definição de epidemia, que ocorre quando há um aumento considerável e inesperado de casos.
A situação mais grave é a de cinco municípios, que têm, ao todo, um terço dos registros de dengue deste ano. São eles Aparecida de Goiás, Campo Grande (MS), Goiânia, Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC). No final do ano passado, o Ministério da Saúde já havia divulgado que quatro deles tinham risco de aumento de casos da doença, constatação feita a partir de levantamento que encontrou larvas do mosquito transmissor em quantidade preocupante.
O coordenador do Programa Nacional de Controle da Dengue da pasta, Giovanini Coelho, evita dizer se houve negligência por parte de prefeitos. "Não saberia avaliar se houve má gestão. A dengue é uma doença complexa, que envolve também o sorotipo do vírus e a participação da população. É difícil estabelecer uma causa."
Ainda segundo ele, todo o país está sujeito a ver um crescimento do número de casos ao longo do ano, por isso é preciso manter e intensificar as medidas de prevenção.
Três unidades da Federação preocupam em especial por terem um significativo crescimento na quantidade de registros, embora ainda não tenham alta incidência: DF, MG e SP.
O ministério também enviou alertas aos Estados do Nordeste, já que o ciclo de transmissão na região começa em março.
Segundo Coelho, a piora na situação da dengue no país se deve principalmente a três fatores: mais chuvas; aumento da temperatura; e retomada da circulação do vírus tipo 1, contra o qual boa parte da população não tinha imunidade.
Existem quatro variações diferentes do vírus da dengue. Quando algum deles volta a circular com força, acaba atingindo mais pessoas. No caso do tipo 1, ele circulou mais no final dos anos 1980 e no começo dos 90. Quem nasceu depois dessa época não tem resistência a ele e ficou mais vulnerável.
Além disso, deficiências da estrutura urbana também pioram a situação. "Temos ainda uma dívida importante de saneamento que obriga as pessoas a armazenarem água em casa", reconhece o representante do Ministério da Saúde.
Em SP, segundo Coelho, a chegada do tipo 1 é favorecida pela circulação de pessoas entre o Estado e MS.
A taxa de incidência paulista ainda é considerada baixa, com 7,1 casos por 100 mil habitantes. No entanto, o número de casos já aumentou mais de seis vezes neste ano. As cidades com a situação mais preocupante são: Araçatuba, Ituverava, Ribeirão Grande e São José do Barreiro.


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