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MINHA HISTÓRIA ROSENILDA ALVES, 28
Maria, Maria
A Justiça portuguesa diz que lá elas têm melhores condições Não me deixavam sozinha com elas. Meu erro foi confiar
RESUMO
A baiana Rosenilda Barbosa Alves, 28,
luta na Justiça de Portugal
pela guarda das filhas Maria Carla, 5, e Maria Rosivânia, 11. Elas estão com a esteticista portuguesa Paula
Figueiredo desde 2006.
O imbróglio começou
quando Rosenilda levou
as meninas para Portugal
e, depois, as deixou com
Paula enquanto voltava ao
Brasil para tirar visto de
trabalho.
(...)Depoimento a
ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
Há quase cinco anos minha vida parou. Vivo longe
das minhas filhas, que estão
com Paula Figueiredo, uma
portuguesa que conheci em
agosto de 2005 em Camaçari
(38 km de Salvador).
Ela era uma turista que
apareceu no bar de meus
pais. Pediu água e perguntou
se eu estava grávida, se a
criança já tinha madrinha.
Ela se ofereceu, então, para
ser madrinha da Maria Carla.
Pensei: "Uma pessoa de
fora, querendo me ajudar?
Logo eu para ter essa sorte?".
Recém-separada, eu tinha
Maria Rosivânia, 5, para cuidar. Deixei que Paula fosse a
madrinha. Ela comprou todo
o enxoval, me acompanhou
nos exames pré-natais, ficou
até a menina nascer e depois
voltou para Portugal.
Paula sugeriu que o batizado de Maria Carla fosse lá.
Ela mandou passagem, mas,
chegando a Alpiarça, onde
ela mora, não teve batizado.
Ela disse para esperar até a
menina ficar mais "durinha". Esperei.
Ela disse, então, para eu
também levar minha filha
mais velha para Portugal.
Com a ajuda de Paula, busquei Maria Rosivânia. Em 6
de dezembro de 2005, já estávamos em Portugal.
Minha situação estava irregular, com visto vencido.
Paula disse para eu voltar ao
Brasil e buscar no consulado
um contrato de doméstica.
Assinei 16 documentos,
entre eles uma declaração
dando a ela a tutela das meninas enquanto estivesse fora. Li, sei que não era adoção.
Em maio de 2006, cheguei
ao Brasil. No consulado, disseram que não haviam recebido o contrato. Paula falou
que o reenviaria. Enquanto
isso, pedia na Justiça portuguesa a guarda das meninas.
Após quatro meses aqui,
procurei o Ministério Público
e pedi a extradição delas. A
Justiça portuguesa diz que lá
têm melhores condições e
não quer devolvê-las.
Paula diz que Maria Rosivânia sofreu abuso sexual do
meu irmão quando estava na
Bahia, mas é mentira.
Só consegui voltar para
Portugal em 2009 porque
uma mulher casada com um
brasileiro me deixou ficar na
casa dela. Ainda assim, tenho R$ 100 mil em dívidas.
Quando estava lá, conheci
Carlos, um segurança português. Há quatro meses, nos
casamos. Hoje ele está em
Portugal, e eu, na Bahia. Ele
disse que vai me ajudar a cuidar das minhas filhas.
Em fevereiro de 2010, revi
as duas, mas Paula não me
deixava sozinha com elas. Os
psicólogos da Justiça portuguesa disseram para eu falar
com elas sem me identificar.
Maria Carla disse que estava lá para ver a mãe, "uma
mulher má que fugiu para o
Brasil". Isso me cortou o coração. Eu disse que era a mãe
delas e que as amava.
Minha filha mais velha me
cuspiu na cara, disse que eu
era cúmplice [da violência
sexual]. Ela está com a cabeça feita, nunca teve abuso.
Meu erro foi confiar.
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