São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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MINHA HISTÓRIA ROSENILDA ALVES, 28

Maria, Maria

A Justiça portuguesa diz que lá elas têm melhores condições Não me deixavam sozinha com elas. Meu erro foi confiar

RESUMO
A baiana Rosenilda Barbosa Alves, 28, luta na Justiça de Portugal pela guarda das filhas Maria Carla, 5, e Maria Rosivânia, 11. Elas estão com a esteticista portuguesa Paula Figueiredo desde 2006.
O imbróglio começou quando Rosenilda levou as meninas para Portugal e, depois, as deixou com Paula enquanto voltava ao Brasil para tirar visto de trabalho.

(...)Depoimento a

ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO

Há quase cinco anos minha vida parou. Vivo longe das minhas filhas, que estão com Paula Figueiredo, uma portuguesa que conheci em agosto de 2005 em Camaçari (38 km de Salvador).
Ela era uma turista que apareceu no bar de meus pais. Pediu água e perguntou se eu estava grávida, se a criança já tinha madrinha. Ela se ofereceu, então, para ser madrinha da Maria Carla.
Pensei: "Uma pessoa de fora, querendo me ajudar? Logo eu para ter essa sorte?".
Recém-separada, eu tinha Maria Rosivânia, 5, para cuidar. Deixei que Paula fosse a madrinha. Ela comprou todo o enxoval, me acompanhou nos exames pré-natais, ficou até a menina nascer e depois voltou para Portugal.
Paula sugeriu que o batizado de Maria Carla fosse lá. Ela mandou passagem, mas, chegando a Alpiarça, onde ela mora, não teve batizado. Ela disse para esperar até a menina ficar mais "durinha". Esperei.
Ela disse, então, para eu também levar minha filha mais velha para Portugal.
Com a ajuda de Paula, busquei Maria Rosivânia. Em 6 de dezembro de 2005, já estávamos em Portugal.
Minha situação estava irregular, com visto vencido. Paula disse para eu voltar ao Brasil e buscar no consulado um contrato de doméstica.
Assinei 16 documentos, entre eles uma declaração dando a ela a tutela das meninas enquanto estivesse fora. Li, sei que não era adoção.
Em maio de 2006, cheguei ao Brasil. No consulado, disseram que não haviam recebido o contrato. Paula falou que o reenviaria. Enquanto isso, pedia na Justiça portuguesa a guarda das meninas.
Após quatro meses aqui, procurei o Ministério Público e pedi a extradição delas. A Justiça portuguesa diz que lá têm melhores condições e não quer devolvê-las.
Paula diz que Maria Rosivânia sofreu abuso sexual do meu irmão quando estava na Bahia, mas é mentira.
Só consegui voltar para Portugal em 2009 porque uma mulher casada com um brasileiro me deixou ficar na casa dela. Ainda assim, tenho R$ 100 mil em dívidas.
Quando estava lá, conheci Carlos, um segurança português. Há quatro meses, nos casamos. Hoje ele está em Portugal, e eu, na Bahia. Ele disse que vai me ajudar a cuidar das minhas filhas.
Em fevereiro de 2010, revi as duas, mas Paula não me deixava sozinha com elas. Os psicólogos da Justiça portuguesa disseram para eu falar com elas sem me identificar.
Maria Carla disse que estava lá para ver a mãe, "uma mulher má que fugiu para o Brasil". Isso me cortou o coração. Eu disse que era a mãe delas e que as amava.
Minha filha mais velha me cuspiu na cara, disse que eu era cúmplice [da violência sexual]. Ela está com a cabeça feita, nunca teve abuso.
Meu erro foi confiar.


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