São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 2011

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Osesp inicia 2011 em nova fase e com "sangue novo"

Entre as novidades está o anúncio da americana Marin Alsop como regente titular da orquestra a partir de 2012

Osesp tenta, neste ano, afastar imagem elitista que possui organizando ainda mais concertos gratuitos e ao ar livre


NATÁLIA ZONTA
SÃO PAULO

O primeiro ensaio de 2011 da Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado São Paulo) inaugura uma nova fase da orquestra. No dia 11, a norte-americana Marin Alsop foi anunciada a regente titular.
A escolha da maestrina, que substituirá o francês Yan Pascal Tortelier a partir do ano que vem, reforça um caminho que há tempos a Osesp trilha.
"Estamos numa fase de formação de público", explica Marcelo Lopes, diretor-executivo da Osesp. "Ainda existe um sentimento de que a orquestra tem um viés elitista." Mas, segundo ele, atualmente, 75% dos ingressos da temporada são de assinantes, que pagam até R$ 1.160 por ano por uma cadeira na Sala São Paulo.
Com o objetivo de democratizar esse quadro, a Osesp começa 2011 com mais concertos a preços populares e a gravação do ciclo completo de sinfonias do brasileiro Villa-Lobos (1887-1959), sob a regência de Isaac Karabtchevsky. Os CDs devem ser lançados a partir de 2016.
A programação mais acessível conta ainda com os recitais matinais. Neste ano, serão cerca de 30, dez deles feitos pela orquestra, sempre aos domingos, às 11h, de graça.
As novas tecnologias também têm ajudado a espalhar o trabalho da Osesp. "Em 2010 foram feitos 400 mil down- loads dos podcasts que colocamos no site", conclui Arthur Nestrovski, diretor artístico da orquestra.
O sangue novo não chega apenas à plateia. A própria orquestra recebe agora dois jovens músicos aprovados na última seleção, feita no ano passado. Ricardo Barbosa Pereira, 26, que toca oboé, e o percussionista chileno Rubén Zuniga, 24, são os recém-chegados à Osesp.
Ricardo tem a biografia mais improvável. Antes de se dedicar integralmente à música, foi contador. Começou a estudar música tarde, aos 13 anos, e superou candidatos estrangeiros na audição para orquestra. Agora, tem um salário de quase R$ 9.000.
Os novatos se acostumam facilmente com a rotina pesada de ensaios -pelo menos cinco horas por dia- ao lado de artistas experientes, habituados à rigidez da profissão.
Um exemplo desse time de veteranos é o oboísta Arcádio Minczuk, 47, que em 2011 completa 30 anos de Osesp.

GRINGOS
A orquestra é cosmopolita: são 17 nacionalidades. São 12 russos, o maior grupo de estrangeiros.
Olga Vassilevich, 31, toca viola. Ela foi uma das primeiras a chegar, em 2001. "Reservei um hotel aqui perto da Sala São Paulo, em plena cracolândia. Foi um choque. Apenas dois dias depois vi que existia uma metrópole além dessa região e me apaixonei pela cidade", diz, em português fluente.

MILIONÁRIO
Natan Albuquerque Jr., 42, tem uma histórica curiosa.
A personalidade extrovertida rendeu a ele uma participação no programa "Um Contra Cem", do SBT. Saiu de lá com R$ 1 milhão. "Nem acreditei quando alcancei o prêmio máximo", diz, rindo.
Mesmo milionário, Natan não pensa em largar a Osesp. "Você sabe o quanto é difícil entrar aqui?", questiona. "Isso é minha vida. Sigo a rotina normalmente."


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