São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2001 |
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VANDALISMO Desde a semana passada, alunos já picharam muros e destruíram patrimônio da instituição por três vezes Estudantes depredam faculdades da USP
CAROLINA ALVES DA FOLHA RIBEIRÃO Alunos da FMRP (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto) e da FEA (Faculdade de Economia e Administração) da USP picharam ou destruíram patrimônios da instituição pelo menos três vezes desde a semana passada. Ontem, o prédio da FEA teve a segunda pichação em cinco dias, com palavrões destinados a seus alunos. Os responsáveis ainda não foram localizados. As agressões começaram no fim da semana passada, quando alunos da medicina, nus, entraram na moradia do campus e quebraram carteiras, segundo outros alunos. Na USP de Ribeirão Preto (319 km de São Paulo), há hoje 3.116 alunos de graduação -605 de medicina. Na moradia da FMRP há 84 vagas. Os outros 2.511 estudantes disputam 137 vagas. Na quarta-feira, o prédio da FEA estava pichado com dizeres "MED Domina". No dia seguinte, alunos fizeram boletim de ocorrência. Na sexta, o busto do fundador da FMRP, Zeferino Vaz, apareceu com uma gravata contendo dizeres ofensivos. O clima está cada vez mais tenso. Na quinta-feira, graduandos da FEA cercaram futuros médicos questionando sobre a depredação. Seguranças tiveram de intervir. Segundo alunos ouvidos pela Folha no dia do tumulto, falta segurança no campus. O diretor da FMRP, Ayrton Custódio Moreira, diz que não irá se manifestar enquanto a pró-reitoria da USP não apurar os fatos. No ano passado, dinheiro de estudantes da moradia geral do campus da FMRP foi furtado. Quatro seguranças contratados para trabalhar à noite ficaram só na primeira semana de aula. Rivalidade Os estudantes dos outros dez cursos do campus alegam que há protecionismo aos colegas de medicina. A FMRP, que está fazendo 50 anos, foi a primeira faculdade da USP em Ribeirão. A FEA foi a última, no início da década de 90. Quando o curso de medicina tirou B no provão, a Faculdade de Economia e Administração, que obteve A, colocou uma faixa ofensiva aos colegas. Moacyr Antônio Mestriner, prefeito do campus de Ribeirão, respondeu, por meio de sua assessoria, a perguntas por escrito da reportagem sobre os incidentes. Segundo ele, será aberta sindicância para apurar responsabilidades. Enquanto isso não ocorrer, não se pode apontar culpados, mesmo com o boletim de ocorrência, já que o trabalho da polícia correrá separadamente. Mestriner conversa hoje com a assessoria jurídica e pró-reitora de graduação, Ada Pellegrini, para definir uma comissão para apurar os incidentes. Não há ainda levantamento dos prejuízos. Texto Anterior: Depoimento deve ser adiado Próximo Texto: Saúde: ONGs vão pressionar pela quebra de patente para droga anti-Aids Índice |
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