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LEGISLATIVO
Proposta que foi alterada pelo próprio governo prevê cobrança de taxas de regularização das edificações ilegais
Câmara aprova anistia a 1 milhão de imóveis
JOÃO CARLOS SILVA
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Projeto aprovado ontem na Câmara Municipal de São Paulo, em
votação final, prevê anistia a cerca
de 1 milhão de imóveis irregulares
na cidade -50% dos 2 milhões de
edificações existentes. A medida
ainda depende de sanção da prefeita Marta Suplicy (PT), autora
da proposta inicial, e regulamentação da lei para começar a valer.
As categorias beneficiadas na
única anistia que poderá ser adotada pelo município até 2012 vão
de casas, prédios residenciais e
comerciais e pequenos comércios
e lojas de serviços a universidades
e templos religiosos.
O projeto, porém, prevê diferentes custos para a regularização. Para residências de até 150
m2, por exemplo, ela não custará
nada, se o dono já pagar IPTU
(Imposto Predial e Territorial Urbano), inclusive sobre área edificada irregularmente. Para imóveis do mesmo tamanho que ainda não pagam imposto sobre a
obra irregular, a regularização dependerá do pagamento de uma
taxa de R$ 2,90 o m2 ilegal.
Já no caso de imóveis acima de
500 m2, oficializar construções irregulares vai ter um custo que
usará a lógica de que edificações
em bairros mais nobres pagarão
mais. No caso extremo, o valor
poderá ser de pelo menos R$
1.000 o m2 a ser regularizado, segundo cálculos do vereador Paulo
Frange (PTB).
Polêmica por conta de suspeitas
de favorecimento levantadas por
vereadores de oposição e por ter
sido votada sem que os parlamentares soubessem das mudanças
apresentadas ontem -pelo próprio governo- ao projeto que
acabou aprovado, a anistia poderá render pelo menos R$ 300 milhões à administração, segundo
dados de janeiro.
O dinheiro arrecadado com a
anistia será depositado no Fundo
Municipal de Urbanização, que
serve para financiar obras de infra-estrutura urbana da cidade.
Em janeiro, o governo estimava
que 800 mil imóveis poderiam ser
beneficiados pela anistia -sendo
que 50% desses seriam residenciais. Desde então, o projeto foi
modificado para, por exemplo,
incluir obras das chamadas operações urbanas (permissão onerosa para construir a mais do que
a lei permite em determinadas regiões da cidade).
Parte desses empreendimentos
foi investigada recentemente por
uma CPI (Comissão Parlamentar
de Inquérito) no Legislativo.
Na apuração, foram encontrados imóveis irregulares na região
da avenida Faria Lima, cujos empreendedores pagaram para fazer
edificações com tamanho acima
do que a lei permitia, mas que, em
alguns casos, construíram ainda
acima do novo limite.
Há também casos de construtoras que informaram metragem de
área útil à prefeitura diferente da
que foi de fato construída.
Como eles estão sendo beneficiados agora, vereadores de oposição acusam outros parlamentares de darem solução para as irregularidades, em vez de propor e
defender que elas sejam punidas.
"Vamos ter a anistia dos grandes empresários", disse ontem o
vereador Roberto Tripoli (PSDB)
sobre a proposta.
"Todas as irregularidades encontradas pela CPI são objeto de
ação administrativa e multas que
não serão perdoadas", afirmou o
vereador Frange, que presidiu a
comissão. "Concordei com o benefício a esses imóveis porque se
impôs uma condição muito drástica [o custo] para eles serem regularizados", afirmou o vereador
Nabil Bonduki (PT).
Apesar da polêmica entre vereadores, o projeto de anistia conseguiu apoio ontem de 42 dos 55
parlamentares paulistanos.
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