São Paulo, domingo, 27 de março de 2005

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Viações reduzem custos e linhas

DA REPORTAGEM LOCAL

A maior ocupação dos ônibus, para os empresários, significa maior produtividade. Mas não quer dizer que a remuneração deles tenha subido na mesma proporção da alta dos passageiros.
A explicação é a forma de pagamento estabelecida nos contratos de concessão por dez anos firmados em julho de 2003. Eles já previam a implantação do bilhete único e a alta do sobe-e-desce e do total de viagens. Assim, foi estabelecido um valor de pagamento aos operadores independentemente da tarifa fixada pela prefeitura.
Essa quantia varia conforme a região de São Paulo, mas hoje, na média, seria próxima de R$ 1 por passageiro dos ônibus e de R$ 0,70 por usuário das lotações. Ela passou a ser adotada em 5 de março de 2005, mas a gestão Serra fará uma revisão para elevá-las.
De julho de 2003 a março de 2005, a prefeitura adotou uma regra de transição que desconsiderava esses critérios. Na prática, tudo aquilo que era arrecadado acabava sendo partilhado entre os operadores, que ainda recebiam uma subvenção mensal próxima de R$ 25 milhões, independentemente do número de viagens.
Por essa regra, em janeiro deste ano as empresas de ônibus embolsaram R$ 132 milhões. No mesmo mês de 2002, por exemplo, a remuneração total das viações, em valores atualizados, passaria hoje de R$ 140 milhões. Mas, na época, a frota delas em operação era 15% superior à atual. Ou seja, é como se hoje elas estivessem recebendo até menos no total, mas, como reduziram custos e ficaram apenas com as linhas mais lucrativas, ganham mais.
No segundo semestre de 2004, um estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), apontava avanços no transporte adotado por Marta Suplicy, mas dizia que a "ênfase" das mudanças visava mais a "eficiência produtiva, procurando reduzir custos de operação e de coordenação dos serviços do que a melhoria da eficácia social e do atendimento à população". A conclusão era respaldada pela redução das linhas de ônibus e da frota.


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