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Brasileiros são 36% dos barrados na Irlanda
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No ano passado, os brasileiros representaram 36% dos estrangeiros impedidos de entrar
na Irlanda, segundo a Embaixada do Brasil em Dublin. Em
média, 1.200 brasileiros são
barrados por ano -neste ano,
de 1º de janeiro até 19 de março,
385 brasileiros foram expulsos.
Mas a embaixada não tem informações sobre quantos desses expulsos enfrentaram situação semelhante à vivida na
semana passada pelos estudantes André São Pedro, 22, Maria
Dias, 24, e Thaís Tibiriçá, 24,
que ficaram 48 horas em uma
prisão, com assassinos e traficantes, à espera de um vôo de
volta a Portugal -de onde tinham partido rumo a Dublin
para uma semana de férias.
A embaixada disse ter conhecimento de mais uma jovem
que passou dez horas na prisão
no início deste mês. Ontem, a
Folha localizou outro caso.
O assistente de obras Manoel
Carlos Coronheiro, 27, morava
no país havia dois anos. Veio ao
Brasil visitar a família e, ao retornar à Irlanda, em janeiro, foi
impedido de entrar. Ele portava 2.000 em dinheiro, além
de um cartão de crédito.
A imigração irlandesa justificou a recusa, segundo Coronheiro, dizendo que ele tinha
intenção de imigrar.
O assistente de obras conta
que, após passar uma noite na
prisão, encontrou, no vôo de
volta, outros três barrados que
também ficaram em cadeias.
A ministra-conselheira da
embaixada em Dublin, Elza de
Castro, disse que a embaixada
considera "absurda" a permanência dos barrados em cadeias. "Eles nos disseram que o
objetivo é reter os denegados
[denominação para os que tem
o ingresso negado] o mínimo
de tempo possível, mas algumas vezes a pessoa vai para delegacias da polícia nacional e
para prisões porque eles não
têm espaço no aeroporto", diz.
A Folha apurou que a Irlanda tornou-se destino de trabalhadores ilegais e porta de entrada para quem pretende se
estabelecer na Inglaterra.
Ontem, a embaixada recebeu
do governo irlandês a informação oficial sobre a razão do impedimento da entrada de
Thaís: dinheiro insuficiente e
falta de reserva de hotel -motivo semelhante ao apresentado pela Espanha nas recentes
expulsões de brasileiros.
Ela e os dois amigos fazem
intercâmbio na Espanha e em
Portugal desde o início do ano e
pretendiam passar uma semana na Irlanda.
Outro lado
A Embaixada da Irlanda no
Brasil disse que não se manifestaria porque, como não há visto
prévio para brasileiros, a imigração do país tem autonomia
para autorizar ou não a entrada
de pessoas. A Folha entrou em
contato com a Garda Siochána
(a polícia nacional irlandesa),
mas não obteve resposta.
Colaborou BRENO COSTA
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