São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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Brasileiros são 36% dos barrados na Irlanda

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No ano passado, os brasileiros representaram 36% dos estrangeiros impedidos de entrar na Irlanda, segundo a Embaixada do Brasil em Dublin. Em média, 1.200 brasileiros são barrados por ano -neste ano, de 1º de janeiro até 19 de março, 385 brasileiros foram expulsos.
Mas a embaixada não tem informações sobre quantos desses expulsos enfrentaram situação semelhante à vivida na semana passada pelos estudantes André São Pedro, 22, Maria Dias, 24, e Thaís Tibiriçá, 24, que ficaram 48 horas em uma prisão, com assassinos e traficantes, à espera de um vôo de volta a Portugal -de onde tinham partido rumo a Dublin para uma semana de férias.
A embaixada disse ter conhecimento de mais uma jovem que passou dez horas na prisão no início deste mês. Ontem, a Folha localizou outro caso.
O assistente de obras Manoel Carlos Coronheiro, 27, morava no país havia dois anos. Veio ao Brasil visitar a família e, ao retornar à Irlanda, em janeiro, foi impedido de entrar. Ele portava 2.000 em dinheiro, além de um cartão de crédito.
A imigração irlandesa justificou a recusa, segundo Coronheiro, dizendo que ele tinha intenção de imigrar.
O assistente de obras conta que, após passar uma noite na prisão, encontrou, no vôo de volta, outros três barrados que também ficaram em cadeias.
A ministra-conselheira da embaixada em Dublin, Elza de Castro, disse que a embaixada considera "absurda" a permanência dos barrados em cadeias. "Eles nos disseram que o objetivo é reter os denegados [denominação para os que tem o ingresso negado] o mínimo de tempo possível, mas algumas vezes a pessoa vai para delegacias da polícia nacional e para prisões porque eles não têm espaço no aeroporto", diz.
A Folha apurou que a Irlanda tornou-se destino de trabalhadores ilegais e porta de entrada para quem pretende se estabelecer na Inglaterra.
Ontem, a embaixada recebeu do governo irlandês a informação oficial sobre a razão do impedimento da entrada de Thaís: dinheiro insuficiente e falta de reserva de hotel -motivo semelhante ao apresentado pela Espanha nas recentes expulsões de brasileiros.
Ela e os dois amigos fazem intercâmbio na Espanha e em Portugal desde o início do ano e pretendiam passar uma semana na Irlanda.

Outro lado
A Embaixada da Irlanda no Brasil disse que não se manifestaria porque, como não há visto prévio para brasileiros, a imigração do país tem autonomia para autorizar ou não a entrada de pessoas. A Folha entrou em contato com a Garda Siochána (a polícia nacional irlandesa), mas não obteve resposta.


Colaborou BRENO COSTA

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