São Paulo, quinta-feira, 27 de março de 2008

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PAULO DE MESQUITA NETO

A comunidade no combate à violência

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Na faculdade, todos eram apaixonados por ele", diz a amiga sobre o menino baixo, magro e de rosto meigo que, nos anos 1980, circulava pelas arcadas da Faculdade de Direito da USP e pelas salas de jornalismo da PUC. Era Paulo de Mesquita Neto.
A coisa mais violenta que fizera foi jogar rúgbi no colegial. Desde então, o paulistano de fala mansa se dedicou a estudar a coibição da violência. Quando chegou a Nova York, em 1987, para o mestrado em Columbia, a cidade vivia insegura. Ao terminar o doutorado, em 1995, havia alguma paz. O segredo, concluiu, fora a ação policial focada na comunidade. Em vez de repressão, a harmonia entre polícia e sociedade.
Convidado a coordenar um dos maiores projetos comunitários contra a violência no Brasil, o Instituto São Paulo Contra a Violência, aceitou -não apenas para apontar soluções, mas para buscá-las na prática.
Esteve à frente do Núcleo de Estudos da Violência da USP e foi conselheiro da Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo -defendendo ser falsa a idéia de que a violência policial é aceitável para reduzir a criminalidade. "A redução da violência social está associada à redução da violência policial", disse.
Sua certeza era que só o policiamento comunitário poderia resolver o problema da violência. Casado, tinha dois filhos. Morreu ontem de infecção, aos 46, em São Paulo. O rosto meigo, diz a viúva, "ainda era o mesmo".


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