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PAULO DE MESQUITA NETO
A comunidade no combate à violência
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
"Na faculdade, todos eram
apaixonados por ele", diz a
amiga sobre o menino baixo,
magro e de rosto meigo que,
nos anos 1980, circulava pelas arcadas da Faculdade de
Direito da USP e pelas salas
de jornalismo da PUC. Era
Paulo de Mesquita Neto.
A coisa mais violenta que
fizera foi jogar rúgbi no colegial. Desde então, o paulistano de fala mansa se dedicou a
estudar a coibição da violência. Quando chegou a Nova
York, em 1987, para o mestrado em Columbia, a cidade
vivia insegura. Ao terminar o
doutorado, em 1995, havia
alguma paz. O segredo, concluiu, fora a ação policial focada na comunidade. Em vez
de repressão, a harmonia entre polícia e sociedade.
Convidado a coordenar
um dos maiores projetos comunitários contra a violência no Brasil, o Instituto São
Paulo Contra a Violência,
aceitou -não apenas para
apontar soluções, mas para
buscá-las na prática.
Esteve à frente do Núcleo
de Estudos da Violência da
USP e foi conselheiro da Ouvidoria da Polícia do Estado
de São Paulo -defendendo
ser falsa a idéia de que a violência policial é aceitável para reduzir a criminalidade.
"A redução da violência social está associada à redução
da violência policial", disse.
Sua certeza era que só o
policiamento comunitário
poderia resolver o problema
da violência. Casado, tinha
dois filhos. Morreu ontem de
infecção, aos 46, em São Paulo. O rosto meigo, diz a viúva,
"ainda era o mesmo".
obituario@folhasp.com.br
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