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Mercadão FAST-FOOD
Comércio de especiarias perde espaço no Mercado Municipal, que privilegia agora comida rápida; novo perfil causa polêmica
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE SÃO PAULO
Quem passa pelo Mercadão, no centro de São Paulo,
percebe uma mudança no
perfil do tradicional entreposto de especiarias.
Em meio aos boxes de frutas, uma livraria, uma lotérica, uma "bonbonnière", uma
creperia, cafeterias, docerias, sorveterias e um número crescente de bares e lanchonetes destoam das quitandas e mercearias.
Com mesas espalhadas pelos corredores, o Mercadão
ganha ares de praça de alimentação de shopping center. O desvio do uso é criticado por urbanistas e pelos
próprios concessionários.
"O conceito do mercado
está todo deturpado, virou
uma farra", diz o arquiteto
Pedro Paulo de Melo Saraiva,
responsável pelo projeto da
última reforma, de 2004.
Dos 275 boxes do Mercadão, 40 hoje são locais de
consumo e sete são classificados como "diversos" -o
caso da livraria e da lotérica.
Nem a prefeitura nem a associação dos lojistas sabem
informar esse número dez ou
20 anos atrás, mas ambas
confirmam a percepção e justificam a mudança no perfil.
Os novos negócios foram
concedidos baseados em
pesquisa com consumidores.
"Recebemos muitos turistas. A clientela mudou, hoje
querem comidas rápidas. O
público pediu esse serviço",
diz Carla Fernanda de Freitas, vice-presidente da Renome (a associação de lojistas).
"Essas mesas nos corredores fogem à proposta, não pode. Não sou favorável ao ponto de consumo com o ponto
de venda", diz Leonardo
Chiappetta, dono de um empório aberto em 1933, ano de
inauguração do mercado.
A mudança no perfil do
Mercadão começou com a reforma concluída em 2004,
que construiu um mezanino
para oito restaurantes. A
grande procura pelo consumo de balcão motivou os lojistas a trocarem de negócio.
"O Mercadão ficou muito
turístico, só tem gente de fora.
Para comprar, não dá", diz a
professora Natália Soares,
que levou uma amiga espanhola para almoçar e conhecer a arquitetura do lugar.
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